Uma expedição feita no Rio de Janeiro a um tema que foi apontado pelo jornal O Globo como último refúgio dos muriquis na Serra dos Órgãos, em Teresópolis, chamou atenção para o trabalho feito pela preservação da espécie no Espírito Santo. A espécie tem diferenças genéticas que definem dois tipos de muriquis. A espécie mais ameaçada, entre eles, ocorre no Espírito Santo.
O trabalho para a preservação da espécie Brachyteles hipoxantyhus é realizado realizado desde 2002 pelo Instituto de Pesquisa da Mata Atlântica (Ipema), primeiramente para estudar a viabilidade populacional desta espécie ameaçada do muriqui ou mono-carvoeiro, como também é chamado o maior primata pertencente a um gênero endêmico à Mata Atlântica.
Chamado “Projeto Muriqui”, o estudo é financiado pelo Fundo Nacional do Meio Ambiente (Probio) e através dele já foram identificados no Espírito Santo 26 fragmentos florestais com potencial ocorrência de muriquis, sendo que em 16 foi confirmada a presença da espécie. O projeto permitiu também a realização da primeira translocação de muriqui do País, envolvendo uma fêmea jovem em idade de dispersão, que se adaptou com sucesso ao novo grupo; consolidação da técnica de extração de DNA de fezes de muriquis e realização de análises comparativas que destacaram importantes diferenças interpopulacionais e elaborou o plano de manejo do muriqui-do-norte, que está dando suporte à elaboração do plano de ação da espécie, coordenado pelo Ibama.
Como resultado do trabalho, a equipe também elaborou quatro artigos que estão no prelo em Neotropical Primates. O primeiro deles fala sobre diretrizes para a conservação do muriqui-do-norte, outro sobre o Projeto Muriqui – ES, outro sobre nova descoberta de muriqui no entorno da Reserva Biológica Augusto Ruschi e outro sobre genética desta espécie.
A população de muriquis ou macacos mono-carvoeiros está localizada em Santa Maria de Jetibá, e possuía até o ano de 2009j 150 indivíduos, na Reserva Biológica Augusto Ruschi, em Santa Teresa, onde estão 15 deles, e no Caparaó, com 150 muriquis identificados. Ainda assim, nestes locais pode haver outros animais, ainda não catalogados.
Um dos maiores obstáculos enfrentados pela espécie no Estado é que, além de uma pequena população, os animais estão isolados em fragmentos da mata atlântica, em grupos de cinco a 20 indivíduos, o que pode significar um problema, já que o isolamento e o cruzamento entre indivíduos próximos pode inviabilizar a sobrevivência da espécie.
Além dos muiriquis, há no Espírito Santo seis espécies de macacos. Além do muriqui, prego-do-norte, sauá e sagüi-da-serra, são encontrados ainda o sagüi-da-cara branca e o prego, os dois últimos vistos com facilidade em todo o Estado.
O muriqui (Brachyteles hypoxanthus), o mico-leão da cara preta (Leontopithecus caissara), e o macaco-prego do peito amarelo (Cebus xanthosternos) estão entre as 25 espécies e subespécies de primatas mais ameaçadas no mundo, de acordo com o relatório feito divulgado no ano passad pela União da Conservação Mundial. O estudo foi realizado por 50 pesquisadores.
Os pesquisadores informaram no relatório que um quarto das 625 espécies e subespécies de primatas está sob grave risco de extinção em todos os continentes. Os primatas são caçados, capturados para comercialização e mortos pela destruição de seus habitats.
A informação divulgada pelo jornal O Globo é que o último refúgio do primata fica na Serra dos Órgãos, em, Teresópolis. E o muriqui está entre os animais mais ameçados do Estado.
Fonte: Século Diário