Os sons que se ouvem debaixo de água não são, afinal, muito diferentes dos que se ouvem à superfície e alguns dos que são emitidos pelas baleias até parecem os de animais terrestres bem conhecidos.
Esta é uma das curiosidades de um estudo conduzido pela bióloga marinha Mónica Silva que o Departamento de Oceanografia da Universidade dos Açores, em Portugal, está realizando com o recurso a hidrofones fixos colocados no fundo mar.
“É surpreendente perceber que os animais marinhos têm sons que são familiares ao ouvido humano, porque são semelhantes aos sons de animais terrestres”, afirmou a investigadora em declarações à Lusa, acrescentando que este fenômeno é “quase inexplicável”.
As gravações permanentes recolhidas através dos hidrofones permitiram perceber que há baleias que produzem sons semelhantes a rãs, aves marinhas ou até mesmo a vacas ou porcos, enquanto outras emitem sons parecidos com trombones ou apitos de grandes navios.
Esta curiosidade está, no entanto, longe de ser o objetivo principal do trabalho realizado pelos investigadores do DOP, que estão mais interessados em obter dados científicos a partir do que conseguem recolher.
Segundo Mônica Silva, o processamento de todos estes sons ajuda os cientistas a encontrar os padrões que lhes interessa estudar sobre os animais, nomeadamente quais os tipo de baleias que passam pelos Açores e quais os seus comportamentos.
“Queremos também perceber qual a importância dos Açores para a ecologia destas espécies”, frisou a investigadora, lembrando que nem todas as baleias emitem sons com a mesma finalidade.
Os golfinhos e os cachalotes, um dos cetáceos mais comum nos Açores, emitem sons para comunicar, mas também como meio de orientação no fundo do mar.
Os quatro aparelhos que o DOP colocou no fundo do mar em diferentes zonas do arquipélago, não recolhem apenas os sons das baleias, registam também os ruídos provocados pelas embarcações e até mesmo os sons causados por um sismo.
Com informações do Destak