Um estudo revelou uma lista de 126 espécies de aves que desapareceram efetivamente dos registros científicos. Esses pássaros “perdidos” não foram vistos ou ouvidos há mais de uma década, e muitos estão à beira da extinção.

A criação da lista foi um esforço colaborativo, liderado pelo projeto Search for Lost Birds e contando fortemente com os vastos arquivos digitais da Macaulay Library do Cornell Lab of Ornithology. “Começamos com a Macaulay Library porque é o repositório mais rico de mídia de pássaros, e rapidamente encontramos documentação para a grande maioria das aves do mundo”, disse o autor principal Cameron Rutt, um biólogo de aves da American Bird Conservancy.

Rutt e sua equipe examinaram impressionantes 42 milhões de fotos, vídeos e gravações de áudio, procurando espécies que não tinham nenhuma documentação recente. Isso envolveu não apenas identificar a ausência de evidências, mas também a evidência de ausência, um meticuloso processo de eliminação que exigiu tanto rigor científico quanto um toque de investigação digital.

A lista é um lembrete sóbrio da crise de biodiversidade que enfrentamos. Embora 126 espécies possam parecer uma pequena fração das aproximadamente 11 mil espécies de aves conhecidas, elas representam uma parte significativa da diversidade que escapou à observação científica.

Esses pássaros perdidos vêm de todos os cantos do mundo, com concentrações na Ásia, África e nas ilhas remotas da Oceania. Alguns foram perdidos devido à destruição de habitat, enquanto outros podem simplesmente habitar áreas tão remotas que ninguém se aventurou lá nos últimos anos.

Ao identificar esses pássaros perdidos, cientistas e ativistas podem priorizar seus esforços para redescobri-los e avaliar suas necessidades de proteção. “Uma vez identificadas as espécies ausentes, podemos procurá-las e ver se elas precisam de algum tipo de defesa. Esse método ajuda a identificar prioridades de pesquisa para possíveis ações de proteção,” explicou o coautor do estudo Eliot Miller, ex-pesquisador de pós-doutorado no Cornell Lab.

Colocado em prática

A busca já está em andamento. Desde o início do estudo, vários pássaros perdidos foram redescobertos, incluindo o pombo-faisão (Otidiphaps nobilis), que não havia sido documentado em uma ilha remota de Papua Nova Guiné em mais de um século.

Além disso, as descobertas do estudo destacam uma tendência preocupante: um número desproporcional de Numenius, grupo inclui oito espécies de pássaros maçaricos, está entre as espécies de pássaros perdidas.

Isso sugere que essas aves costeiras, conhecidas por seus bicos longos e curvados e hábitos migratórios, estão enfrentando ameaças significativas provavelmente ligadas às atividades humanas, como destruição de habitat, poluição e mudança climática.

O declínio dessas aves ressalta a necessidade de esforços de proteção direcionados para proteger suas populações vulneráveis e os ecossistemas costeiros que habitam. “Uma das coisas que aprendi ao realizar o estudo é quantos maçaricos provavelmente foram extintos ou parecem estar caminhando nessa direção”, disse Miller. “Parece ser um grupo de aves que não se dá bem com a atividade humana.”

Futuro do projeto

Redescobrir esses pássaros perdidos não será fácil. Isso exigirá uma combinação de expertise científica, conhecimento local e um pouco de sorte.

O projeto Search for Lost Birds já está trabalhando com parceiros locais para aproveitar o conhecimento local e financiar expedições para encontrar essas espécies evasivas. “Uma pequena fração das aves do mundo caiu pelas brechas,” disse Rutt. “Os próximos anos e décadas serão críticos para a existência desses pássaros.”

A redescoberta dessas espécies de pássaros perdidos é uma tarefa crucial com potencial para prevenir extinções. Ao identificar e localizar esses pássaros, os cientistas podem iniciar esforços de proteção direcionados, protegendo seus habitats e abordando os fatores que levaram ao seu desaparecimento.

Embora a tarefa seja desafiadora, a redescoberta bem-sucedida de várias espécies desde o início do estudo oferece esperança de que, com pesquisa dedicada e colaboração, é possível proteger essas populações aviárias e garantir sua presença contínua no mundo natural.

O estudo foi publicado na revista Frontiers in Ecology and the Environment.