Um estudo recente mostra que as mudanças climáticas remodelaram drasticamente os dentes dos elefantes. O artigo feito na Universidade de Helsinque, na Finlândia, mostra como esses animais se adaptaram ao ambiente em constante transformação de nosso planeta.
Nas savanas e florestas africanas, três espécies de elefantes, o elefante africano da savana, o elefante africano da floresta e o elefante asiático. Eles são os últimos sobreviventes dos proboscídeos, um grupo que já foi mais diversificado e contava com cerca de 200 espécies ao longo de 60 milhões de anos.
O motivo para apenas esses elefantes modernos sobreviverem, enquanto outras espécies desapareceram, intrigou os cientistas. Os paleontólogos Juha Saarinen e Adrian Lister desvendaram esse mistério. O estudo descobriu que a evolução dos dentes únicos dos elefantes desempenhou um papel crucial em sua sobrevivência.
Os elefantes modernos mastigam plantas fibrosas e resistentes com seus grandes molares, projetados como um ralador de queijo. Esses dentes crescem continuamente, contrariando o desgaste causado pela mastigação. Mas, há 20 milhões de anos, seus ancestrais tinham um design dental diferente, com pontas arredondadas mais adequadas para a vegetação variada das florestas.
Dois fatores impulsionaram essa transformação dental, a disseminação de gramíneas resistentes em climas mais frios e secos e o aumento da ingestão de poeira nesses novos ambientes. Mas os pesquisadores ainda se perguntavam qual mudança aconteceu primeiro, as transformações nos habitats ou nos dentes?
O método de Saarinen, baseado em padrões de desgaste dos dentes, forneceu respostas. Eles descobriram que os proboscídeos primitivos começaram a consumir mais grama há 21 milhões de anos, adaptando-se a pastagens expansivas sem muita alteração na estrutura dental inicialmente. No entanto, cerca de 7 a 5 milhões de anos atrás, o clima na África tornou-se mais seco, acelerando a evolução dental na linhagem dos elefantes. Isso levou ao desenvolvimento de seus atuais dentes resistentes a alimentos granulosos e com coroas altas.
Essa mudança evolutiva foi tão bem-sucedida que os elefantes primitivos superaram os últimos gonfotérios africanos, seus primos primitivos, levando-os à extinção por volta de 3,6 milhões de anos atrás.
O maior desses prodígios evolutivos foi o Palaeoloxodon, com mais de 4 metros de altura e pesando até 15 toneladas. No entanto, à medida que as savanas africanas se tornavam mais áridas, esses gigantes dependentes de grama desapareciam. Os elefantes de hoje, menores e menos especializados, podem estar se adaptando a paisagens cada vez mais áridas e arbustivas.
A pesquisa segue em andamento e pode oferecer mais informações sobre causas e efeitos dos desafios futuros da biodiversidade causados pelas mudanças climáticas.