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POLÍTICAS DE PROTEÇÃO

Estudo mapeia 261 espécies de aves em parque na região da represa Guarapiranga, em São Paulo

10 de março de 2025
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Um novo estudo publicado na Revista do Instituto Florestal nessa quinta (6) revela a riqueza da biodiversidade das aves no Parque Linear Nove de Julho (PLNJ), na orla da represa Guarapiranga, na cidade de São Paulo — são ao menos 261 espécies.

Com 46 hectares, e localizada no bairro da Capela do Socorro, trata-se de uma das áreas mais importantes para as aves de várzea e campos úmidos da Região Metropolitana de São Paulo. O local funciona como um ponto de parada e descanso de espécies migratórias, além de abrigar aves que realizam movimentos regionais e vagantes, incluindo oito espécies ameaçadas de extinção.

Segundo o estudo, mesmo com uma área menor do que outros parques da região, a riqueza de espécies encontrada pode estar diretamente relacionada à variedade de habitats e à presença de pesquisadores e observadores nos últimos 24 anos.

“O PLNJ possui um grande potencial ornitológico a ser investigado, e o número de espécies pode ser maior que o atual. Contudo, é um conhecimento que precisa ser bem documentado por imagem ou gravação de vocalização. Cerca de 30 espécies citadas na plataforma eBird não foram consideradas na lista atual, pois não possuem documentação adequada nos registros”, explica o ornitólogo Fabio Schunck, membro do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos e autor do estudo. Parte dessas espécies sem confirmação ou ainda não foram documentadas na bacia do Guarapiranga ou ainda podem ter sido confundidas com outras.

O Parque Linear Nove de Julho é um dos mais visitados por observadores e fotógrafos de aves do país, incluindo pesquisadores, sendo uma das localidades que mais contribuíram com registros novos de aves para o município de São Paulo nas últimas duas décadas. Essa elevada visitação aconteceu, inicialmente, devido à ocorrência da espécie mergulhão-grande (Podicephorus major).

Essa ave aquática da família Podicipedidae é conhecida por seu comportamento mergulhador e por habitar corpos d’água como lagos e represas. Com plumagem predominantemente acinzentada, olhos vermelhos e um bico fino e pontiagudo, o mergulhão-grande se alimenta de peixes, insetos aquáticos e pequenos crustáceos. A degradação de áreas alagadas pode impactar suas populações, tornando sua presença no parque um indicativo da qualidade ambiental da região.

“No local também foram encontradas oito espécies de aves ameaçadas de extinção, principalmente devido à destruição de seu habitat. Entre elas estão o pato-de-crista (Sarkidiornis sylvicola), o gavião-do-banhado (Circus buffoni) e o caboclinho (Sporophila bouvreuil), que vivem em áreas de várzea”, destaca o biólogo.

A comunidade de aves encontrada em campo possui espécies locais, que passam o ano inteiro por ali; aves migratórias de média distância, que se deslocam pelo estado de São Paulo e outros estados do Brasil; e aves migratórias de longa distância, que migram tanto do norte da América do Norte (de países como Canadá e EUA), como do sul da América do Sul (países como Chile e Argentina), passando um período no parque, onde descansam e se alimentam antes de retornar para as suas regiões de origem para reprodução.

“Neste contexto, o parque apresenta uma importância global para a conservação dessas espécies, sendo um local que, mesmo protegido sob forma de parque municipal, precisa ser melhor gerido, a fim de que se consolide numa plataforma de ciência cidadã, aquela que envolve ativamente pessoas comuns e pesquisadores na coleta e análise de dados sobre a biodiversidade local, transformando cada visitante em participante direto do processo científico e contribuindo para a construção do conhecimento e conservação efetiva das espécies.

Segundo Schunck, entre as iniciativas necessárias para a proteção das aves estão a implantação de uma sede física, com um projeto adequado ao ambiente local e uso de materiais sustentáveis, com estruturas básicas para os funcionários e visitantes; além da criação de programas permanentes de inventário e monitoramento de fauna, conservação ambiental e de educação ambiental, com monitores locais, incluindo a aquisição de equipamentos, como binóculos e câmeras fotográficas, e guias de campo especializados que possam explicar aos visitantes sobre as características, potencialidades e fragilidades ecológicas do parque, incentivando o máximo de receptividade e compreensão da observação de aves.

“As várzeas e as áreas úmidas estão entre os ambientes mais ameaçados do mundo, com reduções de tamanho a cada ano. Com isso, todos os animais e plantas que passam por esses ambientes são mais ameaçados. Proteger uma área de várzea e sua biodiversidade é algo vital, não só em termos de proteção e produção de dados técnicos e científicos, mas em relação ao bem-estar e segurança da população, uma vez que as várzeas são áreas que recebem o excesso de água de chuvas, evitando tragédias ambientais. Grande parte das áreas urbanas afetadas pelas fortes chuvas dos últimos anos está ilegalmente em áreas de várzea”, alerta Schunk.

Fonte: Um Só Planeta

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