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VEGETAÇÃO NATIVA

Estudo internacional destaca o que ainda resta das araucárias no Sul do Brasil

A devastação das florestas de araucárias no século XX foi feita por colonizadores que expulsaram os indígenas de suas terras. Os preciosos ecossistemas das terras altas do sul do Brasil estão muito danificados e enfrentam futuro incerto.

29 de julho de 2024
*Oliver Wilson, na The Conversation
9 min. de leitura
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Foto: Haroldo Kalleder | Wikimedia Commons

Os ecossistemas das terras altas do sul do Brasil são especiais. A vegetação natural aqui – um mosaico de florestas de araucárias e campos naturais – é uma parte altamente distinta da Mata Atlântica, uma das regiões de biodiversidade mais ricas e exclusivas do planeta.

As florestas de araucárias poderiam fazer com que um dinossauro “se sentisse em casa”, já que as árvores da mesma família do atual pinheiro (Araucaria angustifolia) eram partes comuns e importantes das florestas tropicais da América do Sul no final do período Cretáceo, há 72-66 milhões de anos.

A araucária brasileira é uma das árvores mais evolutivamente distintas e globalmente ameaçadas de extinção do planeta, além de ser uma das espécies mais importantes em seu ecossistema. E, embora os campos do Brasil recebam menos atenção do que suas florestas, os Campos de Cima da Serra (também conhecidos como Campos de Vacaria, no Rio Grande do Sul) são antigos e cerca de um quarto de suas espécies de plantas não são encontradas em nenhum outro lugar do planeta.

No entanto, esses ecossistemas especiais sofreram grandes danos desde a chegada dos europeus, especialmente durante o século XX. Há menos de 150 anos, florestas densas ainda cobriam grande parte do sul do Brasil e parecia haver um suprimento praticamente infinito de madeira de araucária disponível.

Entretanto, com a intensificação da colonização da região, isso começou a mudar rapidamente. Várias décadas de exploração madeireira frenética quase esgotaram as populações de araucárias do sul do Brasil, que agora estão criticamente ameaçadas de extinção. Seu papel na produção de madeira começou a ser substituído por plantações de pinheiros e eucaliptos exóticos. Essas plantações, juntamente com extensos campos de cultivo como a soja, também começaram a erodir rapidamente as áreas de Campos.

Então, quanto resta da valiosa vegetação natural do mosaico Floresta de Araucária-Campos? Surpreendentemente, tem sido difícil encontrar boas estimativas – há muito poucas disponíveis para Campos de Vacaria e os números publicados para a Floresta de Araucária variam enormemente, de 3,6% a 39,3%.

Esse é um grande problema. Entender onde os remanescentes podem ser encontrados e qual a sua extensão é vital para ajudar a conservá-los, especialmente porque a mudança climática perturba as condições constantemente úmidas e relativamente frias das terras altas.

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