Implicações ecológicas e sanitárias dos microplásticos
A presença de microplásticos em um animal arborícola e folívoro (que se alimenta principalmente de folhas) era algo inesperado. A hipótese é que, durante as cheias anuais, as redes de pesca perdidas nos rios se decompõem e seus fragmentos são carregados pela água, contaminando a vegetação que serve de alimento aos macacos.
De acordo com Anamelia Jesus, pesquisadora do Instituto Mamirauá e primeira autora do estudo: “encontrar essas partículas de plástico no estômago de guaribas é preocupante. Nós já sabemos que a poluição plástica é algo muito difícil de controlar e encontrá-la na fauna silvestre, em um ambiente conservado, como o das reservas, acaba sendo mais um alerta. Especialmente quando a gente encontra essas partículas num animal arborícola, que não vai ter tantas oportunidades de contato com qualquer resíduo que possa ficar no solo da floresta”.
Além dos riscos diretos aos animais – como problemas digestivos, desnutrição e toxicidade –, o consumo de carne de caça por populações humanas pode levar à bioacumulação de microplásticos também em pessoas. Estudos recentes já encontraram microplásticos na placenta humana, associados a estresse oxidativo e inflamação.
A pesquisa reforça a urgência de políticas públicas que reduzam o uso de plásticos descartáveis, promovam materiais alternativos e incentivem o descarte adequado de resíduos, especialmente artigos de pesca. A poluição plástica já não é uma questão apenas em ambientes modificados pela ação humana, mas também em regiões remotas que ainda mantêm florestas bem preservadas.
Fonte: Portal da Amazônia