Por muito tempo, as tartarugas-marinhas foram considerados animais silenciosos, mas estudos recentes têm mostrado que esses répteis emitem sons até durante a incubação dos ovos.
Realizado no município de Ipojuca, Distrito de Porto de Galinhas, no litoral sul do estado de Pernambuco, o estudo buscou descrever e comparar a produção de sinais acústicos com a instalação de gravadores em ninhos de tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), duas das espécies que utilizam a costa brasileira como sítio reprodutivo.
“As gravações foram realizadas em cinco ninhos de cada uma das espécies-alvo durante a temporada reprodutiva das espécies. Iniciamos as gravações a partir dos 45 dias de incubação e encerramos após a saída dos filhotes do ninho”, destaca pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco, Safira Núbia Dias de Melo.
Além disso, Safira destacou um resultado muito curioso: ao longo do monitoramento, foram identificados 12 tipos de sinais acústicos nas tartarugas-marinhas.
“A estrutura física das vocalizações variou entre os ninhos monitorados, evidenciando uma assinatura vocal desses animais.
Para ela, os resultados indicam que a comunicação acústica pode ter um papel crucial na coordenação dos filhotes nos ninhos até a chegada das tartarugas ao mar após a emergência. “No caso das tartarugas-marinhas elas são mais vocais do que se imaginava. Esse estudo revela a importância de futuras pesquisas sobre esses animais que dependem de atividades de conservação desses animais”, finaliza.
Outros estudos
Existem vários estudos recentes sobre a vocalização das tartarugas marinhas, que têm revelado informações importantes sobre a comunicação desses animais.
Um estudo publicado em 2021, por exemplo, mostrou que as tartarugas-verdes (Chelonia mydas) emitem sons distintos para expressar diferentes emoções.
Os pesquisadores gravaram os sons produzidos pelas tartarugas em diferentes situações, como durante o descanso, a alimentação e a interação social, e analisaram as variações nos padrões sonoros.
Eles descobriram que as tartarugas emitem sons diferentes quando estão relaxadas, com fome ou em situações de estresse, o que sugere que os sons podem ser usados para indicar suas necessidades e emoções.
Outro estudo, publicado em 2020, mostrou que as tartarugas-de-couro (Dermochelys coriacea) são capazes de modificar a frequência de seus sons para se comunicar em diferentes ambientes oceânicos.
Os pesquisadores gravaram os sons emitidos por tartarugas-de-couro no Atlântico Norte e no Oceano Pacífico e descobriram que as tartarugas modificam a frequência de seus sons para compensar as diferenças na absorção e propagação do som em diferentes áreas oceânicas.
Tartarugas brasileiras
Tartaruga-verde (Chelonia mydas): é a espécie mais comum de tartaruga marinha no Brasil. Possui uma coloração verde-oliva e pode atingir até um metro de comprimento e pesar cerca de 200 kg. É uma espécie que se alimenta de algas e é encontrada em todo o litoral brasileiro.
Tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata): é uma espécie que possui uma carapaça em forma de coração e uma coloração amarelo-ouro com manchas pretas. É uma das espécies mais ameaçadas de extinção no mundo, devido principalmente à caça ilegal para uso de sua carapaça na confecção de objetos de luxo. É encontrada principalmente na costa nordeste do Brasil.
Tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea): é a menor das espécies de tartarugas marinhas encontradas no Brasil, podendo atingir até 75 cm de comprimento. Possui uma carapaça de coloração marrom-oliva e é encontrada principalmente na costa norte do Brasil.
Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea): é a maior das espécies de tartarugas marinhas, podendo atingir até 2 metros de comprimento e pesar mais de 900 kg. Possui uma carapaça lisa e preta e é encontrada em todo o litoral brasileiro.
Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta): é uma espécie que possui uma carapaça em forma de coração e uma coloração marrom-avermelhada. É encontrada em todo o litoral brasileiro, mas principalmente na costa sul. É uma espécie que se alimenta principalmente de crustáceos e moluscos.
Fonte: G1