Por Camila Arvoredo (da Redação)
Na última semana, um homem da cidade de Lowell foi acusado por diversos assaltos, por crueldade contra animais e contra a sua namorada, a qual também teve os animais sob sua tutela vitimizados, afirmou o estadunidense “Boston.com”.
Miguel Andino ameaçou matar familiares de sua namorada, caso ela terminasse o relacionamento. Ele também bateu em seus cachorros, estrangulando-os até que seus olhos sofressem de hemorragias e trancafiando os cães menores numa gaveta por dez horas. Esse caso preocupante é apenas um exemplo da relação perigosa existente entre a violência doméstica e o abuso contra animais. A cada ano, mais de três milhões de mulheres ao redor dos EUA são vítimas de violência doméstica, fazendo com que essa seja a principal causa de ferimentos em mulheres entre 15 e 44 anos. Nos Estados Unidos, uma mulher é agredida a cada nove segundos.
Em detrimento desses abusos, mulheres agredidas frequentemente atrasam a saída de relacionamentos perturbadores. Estudos feitos pela “American Humane Society“ mostraram que próximo da metade das mulheres agredidas atrasam a sua saída de ambientes abusivos, porque temem pela segurança dos animais sob sua tutela.
A “Humane Society” salienta que o abuso contra animais deve ser olhado com mais cuidado, porque ele geralmente está ligado também à agressão de crianças. A agressão contra animais expõe a vontade de agredir, mais do que a perda de controle do agressor. As ameaças, os golpes ou o assassinato de um animal podem indicar uma potencialidade para o aumento da violência e da letalidade.
Animais são frequentemente usados como instrumentos de controle na dinâmica de poder do agressor sobre o agredido. Quanto mais o animal for amado, mais ele pode ser usado como meio de controle pelo agressor. A agressão contra animais é usada para condenar atos de independência e como forma de obrigar a parceira a deixar o trabalho e voltar a suas funções domésticas e não mais sair. Ameaças ou violências contra animais podem perpetuar uma atmosfera de medo no lar e isolar os familiares. As sobreviventes de agressão ficam relutantes em deixar o lar, devido ao seu animal de companhia – tanto porque o animal pode ter a sua vida ameaçada ou porque a vítima não tem como levar o animal com ela.
Entre as mulheres que procuram abrigos, 85% reportaram agressões contra animais em suas casas. Recentemente, outros estados começaram a se preocupar com essas questões: dezessete outros estados, incluindo o Maine, Connecticut e Vermont aprovaram leis que incluem animais em medidas de proteção.
Um Ato que relacionasse a violência doméstica e animais permitiria que animais fossem incluídos em ordens de restrição, auxiliando a corte a dar à vítima o direito de sair de uma vida de ameaças e agressão e levando o animal sob sua tutela com ela. Esse projeto poderia aumentar os poderes da polícia, fazendo com que esta possa cuidar das necessidades dos animais que vivem em situação de violência doméstica. A legislação proposta também procura auxiliar mulheres ou homens agredidos a encontrar um local para os animais em sua tutela, quando eles saem de seus lares de violência.
Em Massachusetts, houve a oportunidade de dar passos que melhorassem a legislação relativa à violência doméstica. Essa legislação, auxiliada por financiamento adequado, poderia ajudar as vítimas a deixarem seus relacionamentos de violência, obtendo um local seguro para seus animais de companhia e para si.