EnglishEspañolPortuguês

POLUIÇÃO

Estudo encontra microplástico em mais de 60 amostras de placentas humanas

Pesquisa aponta que o polietileno, utilizado para fazer sacolas plásticas e garrafas, representa 54% do total de plásticos encontrados nas amostragens

24 de fevereiro de 2024
Redação Galileu
6 min. de leitura
A-
A+
Foto: Ilustração | Freepik

Uma pesquisa publicada no último dia 17 de fevereiro na revista Toxicological Sciences relatou ter encontrado microplásticos em 62 amostras de placentas. As concentrações dessas partículas de até 1 milímetro de tamanho variam de 6,5 a 790 microgramas por grama de tecido.

O estudo evidenciou que existem microplásticos em tudo que as pessoas consomem — desde água engarrafada até carne e vegetais. A equipe da pesquisa foi liderada por Matthew Campen, doutor e professor de Regentes no Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade do Novo México (UNM).

Campen está preocupado com os efeitos do microplástico na saúde humana, considerando o aumento cada vez maior dessas partículas no meio ambiente.“Se a dose continuar subindo, começamos a nos preocupar. Se observarmos efeitos nas placentas, então toda a vida dos mamíferos neste planeta poderá ser afetada. Isso não é bom”, afirma o toxicologista, em comunicado.

O estudo foi realizado pela equipe de Campen, conjuntamente com cientistas da Faculdade de Medicina Baylor e da Universidade Estadual de Oklahoma, nos Estados Unidos. Os pesquisadores usaram uma nova ferramenta analítica para medir os microplásticos presentes nas amostras de placenta.

Os especialistas analisaram o tecido doado e trataram quimicamente as amostras em um processo chamado “saponificação”, no qual a gordura e as proteínas são “digeridas” em uma espécie de sabão. Em seguida, cada amostra foi centrifugada, o que deixou uma pequena porção de pepita de plástico no fundo do tubo. Após esse processo, eles utilizaram uma técnica chamada pirólise, que consiste em quebrar moléculas pela ação do calor.

Para esta técnica, eles colocaram a pepita de plástico em um copo de metal e o aqueceram a 600ºC . Posteriormente, à medida que diferentes tipos de plásticos queimavam em temperaturas específicas, eles capturaram as emissões dos gases. “A emissão de gás vai para um espectrômetro de massa e fornece uma impressão digital específica”, explica Campen.

Os resultados da pesquisa apontaram que no tecido placentário o polímero mais prevalente era o polietileno, usado para fazer sacolas plásticas e garrafas: este é responsável por 54% do total de plásticos encontrados. Já o cloreto de polivinila, popularmente conhecido como PVC, e o náilon, representaram, cada um, cerca de 10% do total. O restante da porcentagem foi composta por outros nove polímeros.

    Você viu?

    Ir para o topo