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SAÚDE

Estudo da Fiocruz aponta eficácia da vacinação de macacos contra a febre amarela

12 de fevereiro de 2023
4 min. de leitura
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Mico-leão-dourado é uma espécie em risco de extinção e pode ser beneficiado com a vacina contra febre amarela (Pixabay / Divulgação)

Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) descobriram que a vacinação de macacos contra a febre amarela pode ser uma ótima alternativa para evitar a mortandade dos animais em virtude da doença transmitida por mosquito. O uso do imunizante está sendo estudado desde a epidemia que dizimou populações de primatas pelo país de 2017 a 2019.

A medida pode ser uma estratégia importante para preservar espécies ameaçadas de extinção e proteger a biodiversidade. Além disso, tem o potencial de reduzir a transmissão silvestre da doença, desacelerando a expansão de surtos.

Como a vacina da febre amarela é produzida a partir de um vírus “vivo” atenuado (que não causa doença), os pesquisadores realizaram testes para verificar se, após picarem os macacos vacinados, os mosquitos poderiam se infectar com o micro-organismo originário do imunizante.

“Analisamos quase 700 mosquitos, de diferentes espécies silvestres e ainda incluímos o Aedes aegypti. Nenhum se infectou após picar os macacos vacinados. Esses dados sugerem que a chance de haver transmissão descontrolada do vírus da vacina da febre amarela na natureza é muito baixa ou nula”, afirmou Ricardo Lourenço de Oliveira, coordenador da pesquisa da Fiocruz.

Publicados na revista científica Viruses, os resultados reforçam que a vacinação contra a febre amarela de primatas, cativos ou silvestres, é uma estratégia segura de saúde pública.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) em parceria com o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), ambos da Fiocruz, e pelo Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ), ligado ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do RJ.

“Era importante observar como o vírus vacinal se comporta em mosquitos silvestres que picam macacos na fase virêmica da vacina (quando há circulação do vírus vacinal no sangue). O resultado mostra que, realmente, o vírus vacinal não chega à glândula salivar dos mosquitos”, comentou Marcos Freire, assessor científico de Bio-Manguinhos e coautor da pesquisa.

O macaco bugio é uma das espécies de primatas mais vulneráveis à febre amarela (Pixabay / Divulgação)

Proteção para micos-leões e bugios
Atualmente, micos-leões-dourados e bugios estão no foco de pesquisas sobre a vacinação de macacos. Encontrados exclusivamente na Mata Atlântica e ameaçados de extinção, os micos perderam mais de 30% de sua população devido à epidemia de febre amarela, segundo uma pesquisa publicada em 2019.

Já os bugios são considerados um dos grupos mais sensíveis ao vírus. Um artigo que revisou dados sobre a epidemia apontou que estes animais responderam por cerca de 30% entre mais de 3,5 mil óbitos de primatas confirmados no país no período de 2016 a 2019.

No Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, os primeiros ensaios sobre a vacinação de macacos foram realizados com bugios e com três espécies de mico-leão: dourado, da cara dourada e preto. Os pesquisadores de Bio-Manguinhos e do CPRJ observaram a segurança e a capacidade da vacina humana para induzir a produção de anticorpos nos animais, considerando diferentes doses.

A partir dos resultados positivos, foi iniciado um estudo para vacinação de micos-leões-dourados na área da Reserva Biológica de Poço das Antas, nos municípios de Silva Jardim e Casimiro de Abreu, no Rio de Janeiro. Desde 2021, o projeto já imunizou aproximadamente 150 micos.

Dezenas de bugios também foram vacinados em pesquisas no Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Os estudos são realizados por diversas instituições científicas e entidades que trabalham com a preservação de primatas, em parceria com Bio-Manguinhos, que é responsável pela produção da vacina da febre amarela no Brasil.

(*) Com Agência Fiocruz.

Fonte: Hoje Em Dia

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