Um novo estudo da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, foi buscar na estratosfera — segunda camada da atmosfera, a cerca de 10 quilômetros da superfície — respostas sobre como estará o clima no futuro. A pesquisa ajudou a diminuir incertezas relacionadas às mudanças que o planeta passa, possibilitando ações de prevenção mais efetivas.
Por mais que as mudanças climáticas sejam inegáveis para a ciência, a exata magnitude das alterações que a Terra deve sofrer nas próximas décadas é um constante tema para pesquisas científicas. Novas descobertas constantemente fazem com que modelos climáticos precisem ser revisados, o que pode alterar significativamente as previsões.
Uma destas fontes de incerteza é o comportamento do vapor d’água na estratosfera, uma região tipicamente seca da atmosfera global. Se essa camada passar por um aumento de umidade no futuro, porém, o planeta deve sofrer mudanças mais drásticas no clima e até a recuperação do buraco na camada de ozônio pode ser afetada.
Foi aí que os resultados da pesquisa liderada pelo cientista Peer Nowack puderam contribuir. “Já que o vapor d’água é tão central para a física e a química da atmosfera, eu senti que precisávamos fortemente de uma nova abordagem para lidar com esse fator de incerteza,” explica o pesquisador. Através de um modelo estatístico que usa informações captadas por satélites, ele e sua equipe conseguiu eliminar os cenários mais drásticos de aumento da concentração do vapor na estratosfera.
As técnicas usadas pelos cientistas se valem da aprendizagem de máquina para aproveitar ao máximo o grande volume de dados climáticos coletados por satélites. “Com essa abordagem, fomos capazes de mostrar que muitas projeções de modelos climáticos que preveem enormes aumentos no vapor d’água são inconsistentes com evidências observacionais,” afirma Sean Davis, pesquisador da Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) e co-autor do estudo.
Apesar de eliminar alguns cenários extremamente preocupantes, os resultados do estudo não significam que as mudanças climáticas possam ser ignoradas. Nas proporções observadas na pesquisa, o aumento na concentração de vapor d’água não deve atrasar a recuperação da camada de ozônio, mas ainda terá implicações para o aquecimento global.
Fonte: Terra