Um estudo brasileiro sobre as estruturas das comunidades de picoplâncton e suas respostas às mudanças no ambiente marinho foi publicado na revista Science Advances em 8 de dezembro. Os achados podem ajudar a desenvolver novas medidas de conservação ambiental.
O picoplâncton é formado pelos menores organismos marinhos, mas suas comunidades representam mais da metade da biomassa oceânica e incluem procariontes (como bactérias e arqueias) e eucariontes unicelulares, com organismos que variam de 0,2 a 3 micrômetros (diâmetro cem vezes menor que um fio de cabelo). Esse grupo tem participação não apenas nas bases das cadeias alimentares, como também na fixação de carbono, cuja consequência é a redução de gases de efeito estufa na atmosfera.
Coordenada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a nova pesquisa analisou mais de 450 amostras de picoplâncton de diferentes profundidades dos oceanos Atlântico, Pacífico, Índico e do mar Mediterrâneo resultantes das expedições Malaspina, em 2010, e Hotmix, em 2014.
Entre os destaques do estudo está a descoberta de que os mecanismos que influenciam a estrutura das comunidades do picoplâncton variam conforme a profundidade do oceano, e que as comunidades que vivem no oceano profundo têm respostas diferentes às mudanças ambientais quando comparadas àquelas que vivem mais próximas da superfície.
O oceano profundo corresponde as zonas mesopelágica (200 a mil metros de profundidade) e batipelágica (mil a 4 mil metros de profundidade). “Apesar de menos estudado que o superficial, o oceano profundo apresenta o maior volume do oceano global, cerca de 90%, representando assim o maior ecossistema do planeta”, explicou em comunicado Pedro Junger, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais (PPGERN).
Segundo os pesquisadores, há uma lacuna de informações a respeito dos processos ecológicos do picoplâncton. Eles também ressaltam que as respostas desses organismos servem de indicadores da saúde ecológica dos oceanos e podem ajudar a informar políticas de conservação ambiental – daí a importância de pesquisas como a recém-publicada.
“Ao compreender os mecanismos que estruturam essas comunidades, podemos prever melhor como esses organismos responderão às mudanças ambientais e seus potenciais impactos nos ecossistemas marinhos”, aponta Junger.
Fonte: Revista Galileu