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RELATÓRIO

Estudo aponta perda de 27% da vazão dos rios do Cerrado em 50 anos

Pesquisa analisou 51 anos de dados da ANA para as bacias hidrográficas de seis rios que fazem parte do bioma.

24 de junho de 2025
2 min. de leitura
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Foto: Carlos Ornellas

Oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras nascem no Cerrado, que por isso é considerado a “caixa d’água” do país. No entanto, importantes rios do bioma estão secando num ritmo acelerado. O volume de água transportado pelos cursos d’água do Cerrado diminuiu 27% desde a década de 1970. É uma perda correspondente a 30 piscinas olímpicas por minuto que deixaram de fluir, na comparação entre os períodos de 1970 a 1979 e 2012 a 2021, destacou a Folha.

Os dados são do relatório “Cerrado: O Elo Sagrado das Águas do Brasil”, publicado na 2ª feira (23/6) pela Ambiental Media. A pesquisa analisou 51 anos de dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) para as bacias hidrográficas de seis rios que fazem parte do bioma: Araguaia, Paraná, Parnaíba, São Francisco, Taquari e Tocantins.

Na média, a vazão de segurança desses rios, indicador que representa o volume mínimo de água registrado em 90% do tempo, caiu 1.300 metros cúbicos por segundo (m³/s) a partir dos anos 1970. A vazão de segurança passou de 4.742 m³/s entre 1970 e 1979 para 3.444 m³/s entre 2012 e 2021, aponta o estudo.

O relatório ainda destacou a redução de 21% nas chuvas nas bacias do Cerrado, de 680 milímetros anuais entre 1970 e 1979 para 539 mm entre 2012 e 2021. Por outro lado, houve um aumento de 8% na evapotranspiração no mesmo comparativo temporal. O que comprova que o Cerrado está secando.

“O Cerrado é o coração que pulsa a água pelo Brasil, e seus rios são as veias. Esse coração está infartando e perdendo a capacidade de pulsar, justamente porque estamos desmatando”, afirmou Yuri Salmona, coordenador científico do relatório.

Dados do MapBiomas, também considerados na análise, mostram que a área de vegetação nativa nas bacias analisadas encolheu 22% entre 1985 e 2022. Por sua vez, o desmatamento para plantio de soja aumentou 19 vezes, de 620 mil hectares para mais de 12 milhões de hectares.

“O desmatamento para produção de commodities agropecuárias, baseada na irrigação, é o protagonista do ressecamento do bioma. Em segundo lugar vêm as mudanças climáticas”, apontou Salmona. Um estudo anterior do pesquisador apontou que 56% da redução da vazão dos rios no Cerrado se deve ao desmate e 43% à crise climática.

Fonte: ClimaInfo

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