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Estudo alerta que desmatamento pode causar extinção de centenas de milhares de espécies tropicais

12 de maio de 2017
4 min. de leitura
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Em 2015, um estudo descobriu que atividades humanas como o desmatamento têm causado a extinção de animais a uma taxa 100 vezes mais rápida do que os níveis basais históricos – que os pesquisadores caracterizaram como uma estimativa conservadora.

A descoberta já apontava que estamos assistindo a um sexto evento mundial de extinção em massa.

Animais selvagens correm sérios riscos de extinção
Foto: Rhett Butler

Agora, uma nova pesquisa publicada no Proceedings da Academia Nacional de Ciências (PNAS) fornece mais evidências de que, mesmo se ainda não entrarmos numa sexta era de perda massiva de espécies em escala global, isso ainda é iminente.

John Alroy, professor de Ciências Biológicas na Universidade Macquarie da Austrália, examinou dados ecológicos em escala local para prever as taxas de extinção em potencial e descobriu que centenas de milhares de espécies devem ser exterminadas se os seres humanos desmatarem todas as florestas restantes nos trópicos.

“A perturbação não é uma questão pequena porque cerca de dois terços a três quartos de todas as espécies do mundo são encontradas em florestas tropicais, embora as florestas cubram apenas em torno de 10% de toda a área continental da Terra”, disse Alroy em um comunicado.

Há muito tempo, os cientistas acreditam que o ritmo de destruição das florestas tropicais pode gerar um evento de extinção em massa global, mas a extensão das perdas potenciais nunca foi totalmente compreendida.

A extinção em massa ocorrerá principalmente em florestas tropicais, porque a biodiversidade terrestre da Terra está fortemente concentrada nesses ecossistemas, observa Alroy no estudo.

Para avaliar a gravidade dos impactos, ele aplicou um método altamente preciso e analisou dados de 875 amostras ecológicas de árvores e 10 outros grupos de organismos, incluindo morcegos, insetos (formigas, borboletas, mosquitos e besouros), pequenos e grandes mamíferos e outros vertebrados (pássaros, rãs e lagartos).

As amostras foram coletadas em diversos tipos de habitat em zonas tropicais, de florestas primárias e fragmentadas a plantações e pastagens.

Foto: Reprodução, John Alroy

“Aproximadamente 41% das espécies de árvores e animais neste conjunto de dados estão ausentes de habitats perturbados, embora a maioria das amostras ainda representem florestas de algum tipo”, escreve Alroy.

Ele prevê que, se as florestas tropicais restantes da Terra forem completamente perturbadas, mais de 18% das espécies serão perdidas em todos os grupos estudados, exceto os grandes mamíferos e mosquitos, de acordo com a reportagem do Mongabay.

Sete dos grupos examinados perderão mais de 28% das espécies. As árvores, por exemplo, podem perder até 30% das espécies, enquanto as formigas até 65%.”A implicação geral desta pesquisa é que qualquer perda substancial de florestas primárias resultará em muitas extinções em vários grupos”, disse Alroy.

Ele acrescentou que há boas razões para considerar suas estimativas como conservadoras e que o impacto total das atividades humanas sobre a sobrevivência das espécies pode ser mais grave do que ele previu: “Mesmo se preservarmos florestas de algum tipo em muitos lugares, a menos que as protejamos de qualquer desmatamento, elas podem terminar vazias”.

As descobertas também sugerem que numerosas espécies tropicais raras já podem ter desaparecido.

“Além disso, muitas espécies em florestas intocadas podem já ter desaparecido devido a fatores não relacionados à destruição do habitat, como a caça, interações com espécies invasoras, doenças epidêmicas, poluição e os efeitos diretos das mudanças climáticas”, ressalta.

Tendo em vista o rápido ritmo do desmatamento ocorrido nos trópicos, Alroy diz que “é possível que um evento na escala de uma verdadeira extinção em massa já tenha ocorrido” e que essas perdas simplesmente tenham passado despercebidas pela humanidade.

“Uma extinção em massa poderia ter acontecido bem debaixo do nosso nariz porque não conhecemos muito sobre diversas espécies raras que são mais vulneráveis à extinção. Para descobrir se isso é verdade, é necessário fazer muito mais trabalho de campo nos trópicos. O momento de fazer isso é agora”, diz.

Há razões para acreditar que ainda possamos evitar essa trágica perda em grande escala. Pesquisas anteriores apontaram que proteger 50% da área terrestre do planeta é uma espécie de linha de base para garantir a saúde dos ecossistemas e, por sua vez, a sobrevivência da vida na Terra.

Este conceito, muitas vezes referido como “Nature Needs Half”, é amplamente considerado como não apenas válido, mas viável por ativistas.

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