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Estudo ajuda a salvar espécies de arara em risco de extinção

23 de fevereiro de 2012
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Filhote de Ara macao coletada em ninho no Amazonas (Foto: Agência USP)

Um estudo realizado no Instituto de Biociências (IB) da USP poderá ajudar na preservação das araras-vermelhas Ara chloropterus e Ara macao. Em sua pesquisa de doutorado, a bióloga Adriana Ribeiro de Oliveira-Marques constatou que a espécie Ara chloropterus possui alguma diferenciação genética populacional nas diferentes localidades onde ocorre.

“As aves que vivem, por exemplo, no Piauí são geneticamente diferentes das do Mato Grosso do Sul. Este dado é importante para órgãos responsáveis por planos de conservação da espécie. Se uma ave do Piauí for levada para o Mato Grosso do Sul, poderá prejudicar esta população, ao introduzir algum tipo de doença”, aponta a pesquisadora. Outra possibilidade é remanejar exemplares de uma região com grande número populacional para introduzir em locais onde há risco de extinção da espécie.

“Já para Ara macao não encontramos diferenciação genética entre araras das diferentes localidades analisadas. Os dados indicam que parece se tratar de uma única população. No entanto, sugerem que esta espécie se encontra em declínio populacional, o que merece ser estudado mais detalhadamente”, pondera.

A espécie Ara chloropterus pode ser encontrada em quase todo território brasileiro, desde a região norte, centro-oeste, sertão do nordeste até o sudeste. Já a ocorrência da Ara macao está concentrada em toda a região norte, na Amazônia, ao norte do estado de Mato Grosso, e em alguns pontos da América Central.

Apesar de serem muito semelhantes na aparência, pois possuem plumagem predominantemente vermelha, essas aves apresentam algumas diferenças. Em relação ao tamanho, a A. chloropterus é um pouco maior que A. macao; na região ao redor dos olhos, a A. chloropterus possui fileiras de penas, enquanto a A. macao não tem. A cor das asas também é distinta: a A. macao possui a cor amarela nas asas, enquanto A. chloropterus não.

O objetivo do estudo da bióloga era verificar se havia diferenças genéticas entre grupos de aves de regiões geográficas distintas para as duas espécies. “Infelizmente, nossos dados não permitiram verificar se as espécies do Parque Estadual Morro do Diabo em Teodoro Sampaio, interior de São Paulo, onde a espécie é considerada ameaçada de extinção, são remanescentes dessa região, ou se são provindos do Mato Grosso do Sul. Por isso, mais estudos devem ser realizados com aves dessa localidade”, informa.

Escalando árvores e paredões

“As duas espécies possuem ampla distribuição geográfica, então nós tentamos obter uma boa representatividade geográfica dessas espécies. No caso de Ara macao, foram coletadas amostras na amazônia brasileira nos estados do Pará, Amazonas, Rondônia e Acre. Para A. chloropterus foram coletadas amostras de diferentes biomas: cerrado no Piauí, pantanal no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mata atlântica em São Paulo e amazônia nas mesmas localidades de Ara macao.”

Para realizar a coleta de amostras, Adriana escalou árvores e paredões de arenito para capturar filhotes de araras-vermelhas. “Depois da retirada de algumas gotas de sangue, os filhotes foram devolvidos com segurança aos seus respectivos ninhos”, conta a pesquisadora.

Least concern

Segundo Adriana, as duas espécies de araras-vermelhas estudadas não são consideradas ameaçadas de extinção globalmente, pois ambas são encaradas como comuns. Apesar da perda de habitat e da retirada de filhotes da natureza, acredita-se que estas espécies não se aproximam da porcentagem mínima de declínio populacional (mais de 30% de declínio em 10 anos ou três gerações) por isso, ambas estão como “least concern” (preocupação mínima) na organização International Union for Conservation of Nature (IUCN) e estão como todos os psitacídeos no Apêndice II do Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora (CITES).

“Porém, A. chloropterus é considerada ameaçada de extinção no estado de São Paulo, ocorrendo apenas na região do Parque Estadual Morro do Diabo. Já a Ara macao é considerada ameaçada de extinção em alguns lugares fora do Brasil como Costa Rica e Peru”, esclarece.

De acordo com a bióloga, também é interessante citar que as araras-vermelhas, assim como as azuis, fazem ninhos em paredões e árvores. “Duas diferenças a destacar são que as araras-vermelhas usam como ninhos os ocos de várias espécies de árvores, enquanto as araras-azuis preferem poucas espécies de árvores, e também possuem dieta mais generalista que as azuis”, finaliza.

Fonte: 360 Graus

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