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CULPADOS

Estudo: 110 empresas mundiais causaram US$ 28 tri em danos climáticos

Dados já servem de base para ao menos 68 ações judiciais de responsabilização de grandes empresas ao redor do planeta.

3 de maio de 2025
2 min. de leitura
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Foto: The U.S National Archives

Um estudo publicado nesta 4a feira (23/04) na revista Nature por pesquisadores da Dartmouth College revelou que as emissões de 111 empresas de combustíveis fósseis foram responsáveis por cerca de US$ 28 trilhões em prejuízos econômicos decorrentes de ondas de calor extremo entre 1991 e 2020. A pesquisa desenvolveu um método inédito para vincular cientificamente danos climáticos específicos a empresas poluidoras, abrindo caminho para responsabilizá-las judicialmente.

Os pesquisadores analisaram as emissões históricas de dióxido de carbono (CO₂) das maiores empresas poluidoras (como produtoras de gasolina e usinas a carvão), com dados de até 137 anos atrás, considerando o longo tempo que o gás permanece na atmosfera. Através de 1.000 simulações computacionais, compararam um cenário real com emissões dessas empresas a um mundo hipotético sem elas, calculando seu impacto direto no aumento da temperatura global (a Chevron, por exemplo, contribuiu com 0,025°C).

Para eventos extremos, como os cinco dias mais quentes do ano, usaram 80 simulações adicionais e uma fórmula que associa calor recorde a perdas econômicas, método já aplicado em estudos sobre ondas de calor ligadas às mudanças climáticas. Os cálculos mostraram que cada 1% de gases de efeito estufa emitido desde 1990 causou US$ 502 bilhões em danos somente por calor extremo – sem incluir outros eventos como furacões, secas e enchentes.

No total, afirmam os pesquisadores, a economia mundial perdeu entre US$ 12 trilhões e US$ 49 trilhões em produtividade entre 1991 e 2020 devido a ondas de calor associadas à poluição dos 111 maiores poluidores individuais. A empresa Saudi Aramco, foi responsável pela maior parcela desse custo, estimado entre US$ 850 bilhões e US$ 3,6 trilhões. A Chevron ficou em primeiro lugar entre as empresas de capital aberto, com US$ 790 bilhões a US$ 3,5 trilhões.

Christopher Callahan, cientista da Universidade Stanford e coautor do estudo, alertou no NY Times que o valor “ainda subestima drasticamente” o impacto real dos combustíveis fósseis, principalmente em regiões tropicais pobres — as menos responsáveis pelas mudanças climáticas.

“Essa cifra assombrosa reflete apenas um dos efeitos climáticos”, destacou Delta Merner, da Union of Concerned Scientists, acrescentando que “o prejuízo total dos grandes poluidores é certamente maior quando se consideram todos os riscos climáticos”.

O estudo já serve como base para ao menos 68 ações judiciais relacionadas a danos climáticos em todo o mundo, mais da metade nos EUA. Os dados das emissões foram extraídos do banco público Carbon Majors, que rastreia as principais fontes poluidoras globais.

Fonte: ClimaInfo

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