Zoe Rosenberg, uma jovem de 23 anos da Universidade da Califórnia em Berkeley, está sendo julgada em Santa Rosa, nos Estados Unidos, após resgatar quatro galinhas de um matadouro industrial da empresa Petaluma Poultry, no norte do estado. O caso levanta uma questão central para os direitos animais: até que ponto a compaixão pode ser criminalizada.
Na madrugada de 13 de junho de 2023, Zoe e outros ativistas do grupo Direct Action Everywhere (DxE) entraram na unidade da empresa, disfarçados de trabalhadores, e encontraram um caminhão com milhares de aves confinadas em caixotes. Quatro delas, batizadas de Poppy, Ivy, Aster e Azalea, foram retiradas do local por apresentarem ferimentos, escoriações e sinais de desnutrição. O grupo registrou em vídeo toda a ação, que depois foi divulgada nas redes.
Zoe agora responde por invasão, adulteração de veículo e conspiração, podendo enfrentar até quatro anos e meio de prisão. A defesa afirma que o objetivo da jovem não foi cometer um crime, mas salvar vidas em risco, diante da omissão das autoridades em fiscalizar as condições impostas aos animais nas fazendas industriais.
Filha de um veterinário, Zoe cresceu cercada de animais e se tornou ativista ainda criança. Aos 11 anos, fundou um grupo local do DxE e desde então tem participado de ações de resgate e denúncias contra a indústria da carne e dos ovos. Para ela, essas operações, chamadas de open rescues, são uma forma de dar visibilidade ao que acontece por trás dos portões dos criadouros industriais, lugares onde o sofrimento é sistemático e escondido do público.
O grupo DxE defende a criação de leis que reconheçam o “direito de resgatar” animais em perigo, semelhante à legislação já existente em alguns estados dos EUA que permite salvar um animal trancado em um carro sob risco de morte. “O que está em julgamento aqui não é apenas uma pessoa, mas o próprio conceito de justiça quando se trata de outras espécies”, afirmou Cassie King, porta-voz do movimento.
Enquanto o tribunal decide o futuro de Zoe, as quatro galinhas resgatadas vivem sob cuidados em um santuário. O caso se tornou símbolo de uma disputa ética e jurídica.
