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Estudante de gastronomia fala sobre os desafios de ser vegana e cursar culinária

27 de agosto de 2009
3 min. de leitura
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Stella Aragão, nascida em Volta Redonda, no interior do RJ, é uma jovem vegana que está cursando o segundo semestre de gastronomia. Ela conta que é vegan há, aproximadamente, um ano e meio, e que, na verdade, nunca imaginou tornar-se vegana ou vegetariana, pois gostava muito de comer carne.

Ela fala com muita naturalidade sobre a transição que vivenciou até se tornar vegana e nos conta sobre os desafios enfrentados como estudante de gastronomia adepta da alimentação ética:

“Um dia eu percebi que ter vontade de comer carne é normal, e eu tenho até hoje, não sou do tipo de pessoa que fala que tem nojo, porque seria mentira, a diferença é que hoje eu sei que é errado, e não como por isso, essa ideia já está formada na minha cabeça, e eu sei que para me alimentar não preciso do sofrimento de nenhum animal.

(Imagem: Reprodução/MTV)
(Imagem: Reprodução/MTV)

Eu sempre gostei muito de culinária, principalmente a culinária natural, crudívora e vegana, sou muito fã de saladas. Já tinha pensado em cursar gastronomia antes, mas achava que não daria certo porque minha ideologia é muito diferente do que ensinam na faculdade. Um dia meu pai, que é médico, me disse que ele também teve que passar por muitas coisas na faculdade de medicina que provavelmente ele não usaria em sua carreira profissional, ou iam contra sua ideologia, como testes em animais, mas ele disse que se nós queremos que o mundo conheça e veja nossas idéias e formas de pensar, devemos batalhar por isso.

Hoje meu pai é coordenador do curso de medicina de Volta Redonda e a faculdade onde ele trabalha não realiza teste em animais. Isso ajudou em minha escolha, me mostrou que um dia, eu também posso estar contribuindo para a causa que eu acredito. Fiz o vestibular para gastronomia, e ganhei bolsa de 55%, outro fator que me ajudou muito também, me mudei para São Paulo em janeiro de 2009 e moro aqui desde então.

No primeiro semestre, nós não mexemos muito na cozinha, porque ainda não temos técnica e prática, temos mais aulas sobre empreendimentos, estocagem, segurança e higiene. Mas já tive que cozinhar frango várias vezes, ou preparar caldos e sopas que levam bacon, manteiga e paio. Me mantenho firme na hora do preparo, não experimento ou degusto, mesmo que a professora dê a entender que ela não gosta da minha posição, já até declarei na sala de aula que se eu tiver que escolher entre minha ideologia ou minha formação acadêmica, escolherei sem dúvidas a minha ideologia.

Já sofri várias discriminações por ser vegan, tanto de alunos quanto de professores, alguns colegas de sala fazem piadinhas ou tentam me provocar, como uma menina que fiscaliza tudo que eu posso degustar nas aulas práticas rindo, e disse que ela faz isso porque acha engraçado eu ser diferente. Uma professora já levou um texto para sala de aula e leu falando que era para mim, dizendo que os vegetarianos são frouxos e se acham superiores, que são pessoas pretensiosas, respondi a ela que somos superiores sim, pois somos mais evoluídos, não ficamos parados e deixamos tudo como está.

Nós lutamos pela melhora e pela mudança.

Outras professoras simplesmente falam que minha formação será precária, porque a degustação é muito importante para a formação, mas eu penso que aprendendo as técnicas e tendo prática, vou poder usar meus conhecimentos de forma a não prejudicar nenhum animal e trabalhar sem crueldade.

Infelizmente sou a única vegan da minha turma, as pessoas que estudam comigo ainda têm pensamentos conservadores e ultrapassados demais, uma vez uma menina disse que os animais são sujos. Pessoas assim são difíceis de conversar, prefiro não falar nada para alguém com um pensamento desses.

Eu pretendo sempre trabalhar com culinária vegan, e extraindo tudo que acho importante e útil das aulas para usar no meu trabalho. O veganismo é uma causa muito bonita, da qual eu tenho orgulho de pertencer.”

Com informações da MTV

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