Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
A universidade pode ser difícil. Ajustar-se, fazer amigos e dedicar-se sinceramente aos estudos podem tonar o tempo algo precioso. Entretanto, para o estudante de Hyderabad (Índia), Zabi Khan, a universidade representou um desafio totalmente novo: como ter tempo para seu abrigo, criado há três anos, para animais abandonados.
A Place to Bark, uma organização sem fins lucrativos de Zabi, de 19 anos, estava administrando um abrigo para cães de raça definida abandonados em Tolichowki desde 2014. “Mas uma vez que comecei a universidade, chegava na minha casa apenas entre 17h30 e 18h. Estava ficando difícil supervisionar o abrigo. Então, pensei, por que não trazer o abrigo para a instituição?”, disse Zabi.
O estudante do segundo ano de Ciências da Computação no KG Reddy College of Engineering and Technology fez exatamente isso. Com cinco anos de experiência de voluntariado, ele apresentou a ideia para as autoridades da instituição e elas foram extremamente favoráveis.
Agora, a instituição tem um abrigo dedicado a cães abandonados e feridos, incluindo um pastor alemão residente, assim como espaços abertos para pássaros e coelhos. Zabi e outros estudantes do colégio levam os animais abandonados ou lesionados para o abrigo, onde são tratados, alimentados e, uma vez que são socializados, colocados para adoção.
Atualmente, existem cinco cães no abrigo, como o pastor alemão “que se dá bem com o vigia do local”. Dois foram adotados recentemente. Existem também 12 patos, cinco ou seis perus e galinhas, seis coelhos.
Tudo começou quando Zabi tinha 14 anos e viu um pastor alemão que alguém tinha abandonado na estrada um dia. “Eu estava desesperado para ter um cão, então quando o lojista nas proximidades me disse que o cachorro tinha sido deixado por uma família que depois foi embora, eu não poderia simplesmente deixá-lo lá. Eu o nomeei ‘Casanova”, contou.
No entanto, três dias depois que Zabi levou Casanova para casa, ele teve uma febre alta. Uma veterinário disse que o cão iria se recuperar em poucos dias. Eles deixaram a clínica, mas não antes de Zabi ver o veterinário sussurrando algo para seu pai. Dois dias depois, Casanova morreu.
Foi então que o pai de Zabi confessou que o cachorro tinha Parvovírus Canino, que pode enfraquecer o sistema imunológico. “A família que o abandonou provavelmente sabia disso. O veterinário nos disse que as taxas de sobrevivência não são altas e que, quando o levamos para ser examinado, era tarde demais “, disse Zabi.
Perder o primeiro cachorro foi doloroso para Zabi, mas também cultivou nele a determinação de que nenhum outro animal deveria sofrer como Casanova. Zabi começou a trabalhar como voluntário em ONGs de resgate e bem-estar animal em Hyderabad.
Um dos maiores problemas que enfrentou como um voluntário foi em convencer as pessoas a cuidar de animais até que eles fossem adotados. Ele iniciou a Place to Bark para cães abandonados de raça definida e estabeleceu o abrigo que mudou em 2015 para a KG Reddy College.
Zabi explica que, uma vez que organizações como a People for Animals estão envolvidas no bem-estar de cães abandonados, sua ONG só atende a animais de raça definida. Quando ele recebe notícias de outros cães desabrigados em necessidade, ele contata outras organizações.
O abrigo no KG Reddy College tem espaço para abrigar entre oito e 10 animais em gaiolas espaçosas. No entanto, as gaiolas são apenas para animais feridos ou agressivos ou para que os outros possam dormir durante a noite; eles passeiam ao redor do campus da universidade durante o dia.
Zabi usa seu próprio dinheiro para fornecer alimentos, cuidados e tratamento para os animais com o auxílio de contribuições de voluntários e um pouco de ajuda das autoridades da universidade.
“A universidade paga pelos animais que estão lá permanentemente. O resto é ad hoc. Mas eu acho que, quando você mantém a transparência e mostra às pessoas que cada centavo que elas dão irá para uma boa causa, elas irão contribuir regularmente “, destacou.
Se socializar os animais, as pessoas e outros moradores do abrigo é uma tarefa, socializar outras pessoas e os animais é bem diferente. É preciso que Zabi faça muitas palestras e apresentações para chegar até aos alunos e professores. “Entendo que todo mundo não pode amar ou se sentir confortável em torno de animais. Mas o mínimo que podem fazer é não machucá-los. Os seres humanos realmente precisam se comportar com humanidade”, disse.
Como muitos outros grupos de bem-estar animal, o abrigo de Zabi também aproveita ao máximo as plataformas de mensagens e mídias sociais divulgando a causa em um grupo no Facebook chamado Adopt an Animal-Hyderabad e também por meio do WhatsApp.
Quando os animais são colocados para adoção, Zabi e os outros voluntários realizam uma verificação pré e pós-adoção. Um questionário é dado aos futuros tutores e, somente se os voluntários ficarem satisfeitos com as respostas, o cão irá para a nova família. Um voluntário também realiza uma verificação do local de residência e do ambiente antes de analisar os candidatos.
“Esses animais já foram abandonados ou maltratados uma vez. Leva tempo para que eles também se curem emocionalmente e queremos garantir que não passem pelo trauma novamente. Daí as verificações”, explica Zabi. Ele acrescenta que os adotantes raramente levam os animais de volta e houve retornos apenas em raras ocasiões, quando ocorreu uma tragédia na família ou no caso de uma mudança para o exterior.
Zabi diz que seus pais são extremamente favoráveis ao seu trabalho, embora inicialmente tenham reclamado quando ele levou animais abandonados para sua casa, segundo o The NEWS Minute.
“Mas eu era um rebelde inflexível. Tiveram que ceder. Acho que eles estão felizes, pois o dinheiro que me dão salva vidas e dá uma segunda chance a esses animais em vez de ir para pubs e restaurantes”, opinou o estudante.
“No final do dia, quando você vê um cão ou outro animal abandonado se curar e tornar-se vivo novamente, vale a pena”, disse ele com um sorriso.