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Estresse: mais de 2 mil ovelhas morrem em navio

7 de abril de 2018
4 min. de leitura
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O ministro da Agricultura australiano, David Littleproud, iniciou uma investigação urgente no departamento de agricultura em relação ao caso da morte de mais de 2 mil ovelhas australianas em um navio de exportação, dizendo que as condições do navio eram “péssimas”.

Aproximadamente 2.400 ovelhas morreram em um navio Emanuel Exports que iria de Fremantle, oeste da Austrália, para o Oriente Médio, em agosto de 2017. As mortes foram consequência de estresse térmico.

Um denunciante filmou as condições do navio e forneceu as imagens para a Animals Australia, que mostrou o contéudo a Littleproud na quarta-feira. A Animals Australia informou que havia contatado Littleproud em nome do denunciante, que havia fornecido a filmagem para o 60 Minutes. Ele disse que as imagens mostravam as ovelhas australianas mortas e já em decomposição.

Cerca de 2,4 mil ovelhas australianas foram mortas pelo calor e más condições no embarque para o Oriente Médio. (Foto: Andrew Sheargold/AP)
Cerca de 2,4 mil ovelhas australianas foram mortas pelo calor e más condições no embarque para o Oriente Médio. (Foto: Andrew Sheargold/AP)

“Eu vi imagens fornecidas a mim pela Animals Australia, o que é muito perturbador”, disse Littleproud em entrevista ao The Guardian. “Estou chocado. É o meio de vida dos agricultores australianos que estão nesse navio… Este é o seu orgulho e alegria, e isso que eu vi acontecer é uma desgraça”.

O navio partiu de Fremantle em 1º de agosto de 2017, transportando 63.804 ovelhas com destino ao Catar, Kuwait e Emirados Árabes Unidos. Ele foi submetido à investigação padrão pelo departamento federal de meio ambiente, porque o número de ovelhas mortas por estresse térmico empurrou a taxa de mortalidade para 3,76%, e todos os carregamentos de exportação viva com taxas de mortalidade maiores que 2% estão sujeitos a revisão.

Littleproud alegou já ter exigido uma explicação do departamento depois de receber o relatório sobre o incidente em 29 de março, antes de tomar conhecimento das imagens da Animals Australia. “Houve uma taxa de fatalidade inaceitável por causa de um evento de calor”, complementou. “Pedi mais informações. Eu também escrevi para a indústria de exportação de cargas vivas”.

Em uma declaração na quinta-feira, Littleproud disse que promoveu uma reunião urgente com o departamento de agricultura após a exibição da gravação, e agradeceu à Animals Australia – uma organização que já esteve em conflito com ministros federais da agricultura – por compartilhar as imagens. “Eu agradeço à Animals Australia por trazer isso à minha atenção”.

“Precisamos criar um ambiente em que grupos, denunciantes e indivíduos estejam confortáveis e confiantes, para que possamos pregar aqueles que fazem a coisa errada”.

Não é a primeira vez que um evento de mortalidade em massa acontece nesse navio de exportação devido ao estresse por calor. Além disso, um relatório sobre o envio disse que as ovelhas australianas mortas eram tantas que era difícil administrar os corpos.

De acordo com a investigação sobre o embarque de agosto de 2017, as temperaturas no golfo atingiram 36ºC com 95% de umidade durante a noite, observando que, sob essas condições, um “grande número de animais começaria a morrer”.

Realidade brasileira

Um projeto de lei que proíbe o embarque de exportação de cargas vivas no porto de Santos (SP) foi aprovado na Câmara Municipal em março. O projeto de lei nº7/2018 é do vereador Benedito Furtado (PSB).

Antes mesmo da votação, o projeto recebeu parecer favorável de todas as comissões, e entidades que defendem os direitos animais acompanharam a votação com cartazes e camisetas que denunciavam os maus-tratos intrínsecos a esse tipo de translado.

Bois sendo embarcados em navio para serem levados à Turquia (Foto: Carlos Nogueira/AT)
Bois sendo embarcados em navio para serem levados à Turquia (Foto: Carlos Nogueira/AT)

A motivação do projeto surgiu após a polêmica do embarque de mais de 26 mil bois no porto de Santos, litoral de São Paulo, rumo à Turquia. A Minerva Foods, exportadora e responsável pelo embarque desses animais, foi multada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam) de Santos, em um valor que ultrapassa R$3,4 milhões.

Dias após a partida do navio com os bois, o terminal Ecoporto, localizado no porto de Santos, foi multado em R$ 450 mil pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) por embarcar animais vivos para exportação “em desacordo com as licenças ambientais emitidas para o empreendimento”.

De acordo com a médica veterinária Magda Regina, que realizou inspeção técnica no navio NADA, “a prática de transporte marítimo de animais por longas distâncias está intrínseca e inerentemente relacionada à causação de crueldade, sofrimento, dor, indignidade e corrupção do bem-estar animal sob diversas formas”.

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