Um novo estudo científico realizado pela Universidade de Queensland, na Austrália, revelou uma relação entre o estresse crônico a que estes animais estão submetidos no país e o aumento do risco de doenças.
Os pesquisadores, liderados pela Dr. Michaela Blyton, mediram e monitoraram o nível de retrovírus do coala (KoRV), um vírus comum nesta espécie, em grupos de animais em cativeiro e selvagens. “Queríamos ver o que acontecia com suas cargas de KoRV ao longo do tempo e como isso se relacionava com a infecção por clamídia e os níveis dos hormônios do estresse cortisol e corticosterona”, disse a Dra. Blyton ao portal Science Daily.
Riscos ambientais como a perda de habitat aumentam o nível de estresse nos animais, e o estudo revelou que coalas com níveis médios de cortisol mais altos apresentaram cargas médias de KoRV maiores. “A carga viral provavelmente enfraquece o sistema imunológico, então aqueles com uma carga maior de KoRV correm maior risco de doenças como clamídia, que pode causar cegueira, infertilidade e morte”, afirmou Blyton.
A clamídia uma infecção causada pela bactéria Chlamydia trachomatis que vem dizimando populações de coalas na Austrália. A situação é tão grave que recentemente foi desenvolvida, após mais de dez anos de estudos, uma vacina em dose única que promete diminuir sintomas e mortalidade nas populações selvagens destes animais.
Os 67 coalas participantes do estudo formaram um grupo diverso que incluia coalas selvagens que estavam sendo tratados contra clamídia, coalas que estavam em um teste da vacina e um pequeno número de animais mantidos em cativeiro devido a ferimentos ou outros problemas de saúde. Apesar destas diferenças, os níveis de KoRV se mostraram estavéis nos animais, ao longo do estudo.
“Mesmo quando um coala com clamídia foi tratado com sucesso para a infecção, sua carga de KoRV não diminuiu. Isso nos diz que a direção da causalidade é uma alta carga de KoRV levando a um aumento da suscetibilidade à infecção por clamídia, e não o contrário”, contou a pesquisadora.
O estudo conclui que, ao analisar estratégias de proteção de coalas, é necessário adotar uma abordagem holística, pois doenças e fatores ambientais estão interligados. “”Confirmamos que as maiores ameaças enfrentadas pelos coalas, como perda de habitat e doenças, estão conectadas — é muito importante saber disso para melhorar o apoio às populações de coalas restantes. O melhor é preservar habitats de boa qualidade e as populações de coalas que eles sustentam”, resumiu Blyton.
Fonte: Um só Planeta