As estradas que cortam as montanhas estão se tornando uma armadilha mortal para animais selvagens, incluindo espécies já ameaçadas de extinção. Com o avanço do asfalto sobre áreas antes intocadas, colisões com veículos viraram uma crescente – e preocupante – causa de mortes na fauna selvagem.
Pesquisadores alertam que rodovias construídas acima de 2 mil metros de altitude estão colocando em risco animais como cães-selvagens-africanos, leões e elefantes. Um estudo liderado pela professora Aliza le Roux, da Universidade do Estado Livre, na África do Sul, revela que o problema é ainda mais grave para populações já em declínio.
“Um único atropelamento pode eliminar um animal reprodutor de um grupo pequeno e isolado, acelerando o risco de extinção”, explica a bióloga.
Aves e mamíferos são as maiores vítimas
Enquanto anfíbios lideram as estatísticas de atropelamentos em regiões montanhosas, mamíferos sofrem mais em áreas mais baixas. Já aves de grande porte, como abutres e águias, muitas vezes não conseguem voar alto o suficiente para evitar colisões em curvas fechadas.
O perigo não se limita aos animais. Motoristas também enfrentam riscos quando grandes espécies, como elefantes e antílopes, cruzam as estradas repentinamente, causando acidentes graves.
Um dos maiores obstáculos para combater o problema é a escassez de informações. Em regiões da África e de outros continentes, não há registros consistentes sobre atropelamentos. “Sem dados precisos, fica difícil identificar os trechos mais perigosos e implementar medidas eficazes”, afirma a Dra. Clara Grilo, especialista em proteção.
Caminhos para reduzir os impactos
Especialistas defendem medidas como:
- Rotas planejadas para evitar corredores migratórios
- Passagens de fauna seguras em pontos críticos
- Sinalização mais eficiente e redução de velocidade
Tecnologias inovadoras e maior colaboração entre governos, cientistas e engenheiros podem ajudar a conciliar desenvolvimento e preservação. Afinal, como alertam os pesquisadores, a natureza não termina onde começa o asfalto.
O estudo completo foi publicado na revista Global Ecology and Biogeography.