Pedir o divórcio pode ser o alívio para algumas pessoas. E a espécie humana não é a única a passar por essa experiência. Uma pesquisa feita por cientistas da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e publicada na última quarta-feira (30) na revista científica Proceedings of the Royal Society B mostra que o chapim-real, pássaro nativo da Europa, tem o hábito de, de vez em quando, “dar um tempo” de seu parceiro.
Em outras palavras, alguns casais de aves parecem se separar após o fim da temporada de reprodução, enquanto outros permanecem juntos durante os meses de inverno para que possam procriar juntos na próxima estação. Um tipo de comportamento social que os próprios pesquisadores descrevem no estudo como “divórcio”, comparável ao término de relacionamentos que temos entre humanos.
Ninho do amor (líquido)
O grupo de cientistas utilizou pequenos transmissores de rádio para rastrear o comportamento de exemplares de chapim-real (Parus major) que viviam em florestas próximas à instituição. O passarinho – que se parece uma versão modificada do nosso bem-te-vi – pode ser encontrado em toda a Europa, e, assim como muitos outros pássaros, é tido como monogâmica.
A “lua de mel” desses animais se inicia na primavera, quando os casais se unem para a reprodução. O macho fica responsável por alimentar a fêmea enquanto ela choca os ovos, e os dois pais participam na alimentação dos filhotes após seu nascimento. Quando os filhotes aprendem a voar, o ciclo só se repetirá na próxima temporada.
Durante esse tempo, os pesquisadores observaram a frequência que os pássaros visitavam comedouros instalados na mata. Muitos pares continuaram frequentando os comedouros juntos, mas outros casais pareciam estar se distanciando.
“Esses pássaros que se divorciam, desde o início já estão se associando menos [nos comedouros] do que os pássaros fiéis. E isso só aumenta à medida que o inverno avança. (…) Acho que estamos entendendo cada vez mais até que ponto o comportamento social influencia a vida dos animais”, afirma Adelaide Daisy Abraham, coautora do estudo, em entrevista à NPR.
Resta a pergunta sobre o que os chapins recém-solteiros fazem durante a estação fria. De acordo com a pesquisa, feita a partir de três anos de dados, eles realmente procuram novos parceiros ao longo dos meses mais frios (o que não garante que permanecerão como um casal quando a primavera chegar).
Abraham relata que as pessoas tendem a se identificar com a ideia de que sinais de distanciamento podem ser notados previamente antes de uma separação, da mesma forma que nessa espécie de pássaros.
Fonte: Revista Galileu