Eles foram chegando, os operários dando comida e o estádio em que Camarões vai se preparar para Copa no Espírito Santo tem nove cachorros adotados pelos funcionários. “A peãozada foi dividindo a marmita e eles foram ficando”, explica o vigilante Wederson Damacena de Souza. A mais antiga de todas é Fofinha, que nasceu no canteiro de obras há dois anos.
E podiam ser ainda mais animais no Estádio Kleber Andrade, em Cariacica (ES), cidade colada a Vitória. A pioneira da matilha deu cria há três meses. Mas os empregados não resistiram e assim que desmamaram os quatro filhotes foram adotados. O vigilante Wederson, que tanto fala dos outros, levou a única fêmea da ninhada para casa.
Mesmo jovem, o animal é grande e desajeitado e acaba machucando Cookin, o pinscher de dois anos do vigilante. Por este motivo a mulher de Wederson batizou a cachorrinha de Fiona, uma alusão a esposa do Shrek.
O animal foi retirado do estádio para ser doado a um parente, mas depois que o casal viu o filho de um ano e cinco meses encantado com Fiona não conseguiu se desfazer dela. “Ele abraça, faz carinho e as vezes até aperta muito forte e tenho de socorrer a cachorrinha”, conta o vigilante.
Fofinha continua no estádio e é muito bem tratada porque os operários conseguiram um protetor para o grupo. Um empresário da região fornece ração e vacinas. A seriedade com que os bichos são cuidados é tão grande que entre as obrigações do zelador está distribuir comida e manter os potes de água cheios.
Como recompensa os funcionários ganham amigos para toda hora. Nas rondas noturnas os vigilantes são acompanhados por uma caravana de cachorros. Depois que o sol se põe Negão se destaca. “O latido dele é alto e o ouvido é bom. Dá para escutar o aviso de longe caso qualquer coisa fora do normal aconteça”, diz Wederson.
Na sexta-feira, considerável parte do grupo se dispersou porque teve a atenção capturada pelo Esquadrão Anti-Bombas da Polícia Federal. Os agentes faziam a varredura no estádio antes da liberação para os treinos dos jogadores de Camarões que chegam neste domingo. As duas cachorrinhas que faziam companhia a Negão e Fofinha têm o nome ligado a pelagem: Malhadinha e Marelinha.
Nos próximos dias a rotina dos cães vai mudar porque o estádio com capacidade para 21.054 vai receber Eto’o e companhia. Nada que preocupe Wederson. Ele justifica que os animais estão a tanto tempo no estádio que conhecem os atalhos do campo, os pontos onde o espaço entre as grades é maior e eles conseguem passar se safando de qualquer contratempo.
Fonte: Uol