As mudanças climáticas têm acelerado o desaparecimento de importantes estações de esqui ao redor do mundo. Na França, a estação de esqui de Grand Puy também sucumbiu à falta de neve, forçando seu fechamento definitivo anunciado no último domingo (06/10).

A decisão de encerrar as atividades veio depois que os moradores de Seyne-les-Alpes, no sudoeste da França, votaram pelo fechamento do teleférico após a falta de neve e de visitantes tornarem a operação inviável. Com falta de investimento e de público, a estação começou a trazer dívidas para a cidade.

Grand Puy funcionava com teleférico há cerca de 65 anos. A partir de 1º de novembro, os teleféricos deixarão de funcionar e a comunidade focará em “atividades esportivas e de natureza que respeitem o meio ambiente”, explicou o seu prefeito, Laurent Pascal.

Entretanto, não é só essa estação que foi afetada pelas mudanças climáticas. O aquecimento global está afetando diversas estações de esqui e muitas não têm outra escolha senão diversificar e investir em atividades durante todas as estações para atrair novamente os visitantes e melhorar suas economias.

Durante a temporada de esqui no início de 2023, a popular estação francesa de Saint-Colomban-des-Villards teve que parar completamente seus teleféricos, após uma significativa falta de neve combinada com temperaturas que chegaram a 13°C. A temperatura média de fevereiro na estação é de pouco mais de 4°C.

Na estação de Le Grand Serre, também localizada nos alpes franceses, os responsáveis anunciaram o fim dos subsídios para atividades de esqui depois de cerca de 85 anos de operação.

O geógrafo Pierre-Alexandre Metral descobriu que mais de 180 estações de esqui fecharam na França desde os anos 1970, muitas das quais são pequenas operações familiares.

Especialmente nos últimos anos, esses fechamentos têm acontecido cada vez mais devido às mudanças climáticas.

Em 2023, a estação francesa de La Sambuy também fechou após uma escassez de neve, com autoridades locais confirmando que os teleféricos seriam desmontados, apesar de a estação continuar atraindo visitantes no verão. “Entre os anos 1960 e hoje, o clima mudou muito. Agora, há menos neve no inverno”, disse Jacques Dalex, o prefeito local, à rádio Europe 1 na época do anúncio. “Este ano, abrimos por apenas quatro semanas, só isso. A temporada está ficando cada vez mais curta, e obviamente não vai melhorar.”

Embora a maioria das estações fechadas estejam em áreas de montanha média ou baixa, as mudanças climáticas também representam uma ameaça grave para aquelas em altitudes mais elevadas. Em estações de esqui na França, Áustria e Bósnia, os proprietários estão usando neve artificial, prática que causa mais problemas relacionados ao clima, pois consome enormes quantidades de água e energia a cada vez que é criada.

Estação de Chacaltaya

Mas não é só na Europa que estações de esqui foram fechadas. A icônica Chacaltaya, na Bolívia, que já foi a mais alta do mundo, se transformou em uma cidade fantasma após o derretimento completo de sua geleira em 2009.

Construída sobre a geleira de Chacaltaya, a estação ficava a 5.340 metros acima do nível do mar e já foi um grande ponto turístico do país sul-americano, mas parou de funcionar por conta das mudanças climáticas.

No século 20, a estação ficava aberta quase o ano todo, com neve abundante para os esquiadores aproveitarem.

Na década de 1990, cientistas começaram a estudar a geleira de Chacaltaya. Em 2005, previram que a geleira sobreviveria até 2015, de acordo com a BBC.

No entanto, essa previsão foi otimista demais. Em 2009, a geleira – que tinha uma idade estimada de 18 mil anos – desapareceu. Ela foi recuando, até chegar ao ponto de não ter mais neve suficiente para que o esqui fosse praticado.

Os esquiadores pararam de ir à montanha, e a estação e seu teleférico foram fechados.

Hoje em dia apenas turistas aventureiros ainda visitam a estação de esqui abandonada. É possível ver neve no auge do inverno, mas na maior parte do ano, a montanha Chacaltaya é marrom e seca.