O número de espetáculos taurinos celebrados na Espanha teve queda de 34,25% em apenas três anos, pasando de 2.622 a 1.724, segundo dados do Ministério do Interior.
Mais do que a crise econômica pela qual passa o país, o maior motivo pela queda é o crescente desinteresse dos espanhóis pela “tauromaquia”, aponta Marta Esteban, presidente da plataforma “A Tortura não é Cultura”. Esteban coloca como exemplo o indicador que mede a audiência da televisão, “desde 2007, os programas de touros vem perdendo 200.00 espectadores regionais e 400.000 em âmbito nacional”.
O “Partido Antitaurino contra o Maltrato Animal” (Pacma) assinala outros dois fatores que explicam a diminuição no interesse dos espanhóis pelas corridas de touros: o envelhecimento e falecimento de parte dos fanáticos, já que, segundo o partido, as novas gerações demonstram desapego por tais espetáculos; e o aumento da sensibilidade com os maus-tratos aos animais.
Em 2008 houve uma queda de 15,4% e em 2009 de 16,6%, já em 2010 a foi de 6,71%. Em 2007, um de cada quatro espetáculos de touro na Espanha foi celebrado em Andaluzia, a capital das touradas, com total de 624 eventos. E é justamente nessa região, onde a queda têm sido mais forte: 51,76% menos, com 323 menos eventos em 2010.
Contudo, a Galícia é a região onde ocorre menos eventos. A região registrou apenas oito espetáculos taurinos no ano passado. Segundo Ruben Pérez, porta-voz da plataforma Galícia, “Mellor Sen Touradas”, destaca que apenas resta uma praça de touros na região, das 11 que havia na década de 1960. Trata-se da Pontevedra, embora ainda ocorra alguns festejos pontuais em praças móveis.
Ainda é pouco
Segundo o jornal Público, apesar de tudo, a corrida de touros ainda recebe apoio do governo e da monarquia. O rei Juan Carlos deu , em março deste ano, seu respaldo às corridas de touros com a entrega de prêmios e troféus taurinos por performances de 2009, da Cavalaria de Sevilla. Já o governo estuda possibilidade de reduzir os impostos das empresas do setor taurino.
Além disso, está em discussão passar as competências do setor taurino da Ministério do Interior ao de Cultura. Essa melhora fiscal significa uma perda de cem milhões de euros aos cofres públicos. “Não faz sentido a reduçã tributária das corridas de touros enquanto os livros e as fraldas continuam com impostos altos. Isso é muito grave”, denuncia Esteban.