Uma alternativa à matança de animais para consumo, não é novidade que as carnes vegetais estão conquistando mais espaço no mercado global. Nos EUA, empresas que estão na vanguarda desses produtos, como Beyond Meat e Impossible Foods, já estimam que até 2024 será possível competir em nível de igualdade com os frigoríficos.
Ou seja, a previsão é de que em menos de quatro anos consumidores já não poderão dizer que preço, por exemplo, é um impeditivo para optar por um hambúrguer tradicional em vez de um hambúrguer vegetal – é exatamente esse tipo de consumidor que as empresas que mais investem nesses produtos estão mirando.
Concorrência com a indústria da carne
Embora os hambúrgueres vegetais tenham sido um start para esse mercado, que hoje oferece também alternativas à carne moída, almôndegas, linguiças, etc, a tendência é que essas marcas, a partir de suas consolidações, ofereçam mais diversidade a cada ano – criando substitutos para todos os alimentos de origem animal que as pessoas mais consomem.
Também há um entendimento de que esses produtos precisam ser aperfeiçoados em conformidade às mais prementes demandas de consumo e de capacidade produtiva.
Já existe uma tendência fora do país de as empresas buscarem baratear seus custos de produção em torno de pelo menos 10 a 15% ao ano para não estacionarem, o que perpassa também pela seleção de ingredientes e adaptação de processamento industrial.
Até porque se elas não foram capazes de praticarem preços mais competitivos a cada ano, dificilmente terão condições de bater de frente com a indústria frigorífica no futuro.
Afinal, não é novidade que encarar a indústria de alimentos de origem animal só pode ser possível para empresas que investem em alternativas à base de vegetais se elas oferecerem algo que pareça interessante aos consumidores desses produtos, que representam a maioria.
Imitações e capacidade de aperfeiçoamento
Isso explica também a necessidade das imitações e da capacidade de aperfeiçoamento em sabor, textura e suculência, por exemplo. No entanto, há empresas do mercado de carnes vegetais industrializadas, com foco em mimetizar a experiência do consumo tradicional de carne, que falham em oferecer produtos mais saudáveis – exagerando principalmente no percentual de carboidratos refinados, gorduras e sódio, assim como no baixo percentual proteico.
Sem dúvida, algo que pode ser problemático para quem busca uma alternativa não animal que ofereça exatamente o oposto disso. No entanto, é algo que pode ser aperfeiçoado, o que é necessário se a escolha do consumidor for condicionada ao benefício do que está comprando em relação a um produto de origem animal.
Por outro lado, um ponto favorável ao setor é que em países como Estados Unidos, Canadá e em algumas partes da Europa, agricultores já produzem grãos com atenção especial a esse mercado – principalmente leguminosas. Isso também tem estimulado um aumento na produção de vegetais como ervilhas, que hoje é uma das matérias-primas preferidas na produção de alternativas à carne.
Outros potenciais do setor
Infelizmente, no Brasil, mesmo com grande potencial, a ervilha ainda é pouco difundida, embora seu manejo seja considerado por quem está investindo na cultura como mais fácil do que o do feijão – dependendo da variedade – já que a ervilha registra menor incidência de doenças e pragas.
Vale frisar também que o setor global de carnes vegetais em fase de desenvolvimento e expansão está criando novas demandas de emprego. Com uma promessa mais voltada à sustentabilidade, outra tendência é a consideração às políticas mais justas de relações de trabalho em relação à indústria frigorífica, onde além das não raras queixas de má remuneração, trabalhadores sobrevivem a partir de uma arriscada atividade baseada na violência contra animais.
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