O aquecimento global e o desmatamento estão ameaçando os oceanos, as florestas, os animais e, recentemente, foi descoberto que também afetam a maioria das espécies de café silvestre do mundo, incluindo a arábica.
Uma nova pesquisa revelou que pelo menos 60% das espécies de café silvestres estão em risco de extinção e a mudança climática fará com que elas sejam ainda mais ameaçadas.
Com o aumento da temperatura global já apresentando riscos para os cafeicultores dos trópicos, os resultados de dois estudos publicados esta semana devem servir como advertência para produtores e apreciadores dos grãos em todos os lugares, disse Aaron P. Davis, líder sênior de pesquisa no Royal Botanic Gardens da Inglaterra, o autor dos estudos.
“Devemos nos preocupar com a perda de qualquer espécie por muitas razões, mas para o café especificamente e acho que devemos lembrar que a xícara à nossa frente veio originalmente de uma fonte selvagem”, disse ele.
Os estudos de Davis, publicados esta semana nos periódicos Science Advances e Global Change Biology, avaliaram os riscos para o café silvestre. Foram avaliadas 124 espécies selvagens e pelo menos 60% delas já estão em risco de extinção, mesmo antes de considerar os efeitos de um mundo em aquecimento.
O outro estudo aplicou projeções climáticas à espécie arábica silvestre da qual a maior parte do café cultivado é derivado, e o quadro ficou perigoso: a planta deixou de ser considerada uma espécie de “preocupação mínima” para “ameaçada de extinção”. Restrições de dados impediram os pesquisadores de aplicar modelos climáticos a todas as outras espécies, mas Davis disse que isso quase certamente pioraria a perspectiva.
“Achamos que nosso ‘pelo menos 60%’ é conservador, infelizmente”, disse ele, observando que as outras principais ameaças também podem ser agravadas pela mudança climática. “Todas essas coisas estão muito interligadas”.