Andreia Sousa, da Universidade de Aveiro, em Portugal, e Cristina Brito, investigadora integrada no Centro de História de Além-Mar (CHAM) acabam de publicar na revista Marine Biodiversity Records um artigo sobre o arrojamento histórico de cetáceos em Portugal continental.
“Foram obtidos um total de 38 registos históricos, sendo o arrojamento com um registo mais antigo do século XVI e vários registos ao longo dos séculos mas particularmente no século XX”, afirma Cristina Brito ao Ciência Hoje.
Segundo a bióloga, os resultados do estudo mostram um “aumento da consciencialização da importância científica dos arrojamentos, à medida que os registos vão sendo mais numerosos e cada vez mais detalhados em termos de informação anatômica e biológica das espécies”. E continua: “A espécie mais comum nos arrojamentos históricos foi o cachalote (Physeter macrocephalus), uma espécie muito pouco avistada atualmente, seguida da baleia comum (Balaenoptera physalus)”.
Apesar de os registos históricos não serem muitos, indicam uma elevada biodiversidade histórica de cetáceos em Portugal continental. “Estes dados poderão ser comparados com o que se sabe hoje em dia”, sublinha a investigadora.
Para perceber os padrões de arrojamentos de cetáceos na costa continental portuguesa, as investigadoras fizeram um enquadramento histórico destes eventos e alcançaram evidências mais antigas de quando e onde os mesmos aconteciam.
“É extremamente importante e útil a obtenção de informação histórica que permita servir de base a estudos atuais sobre a ocorrência, a distribuição e também o estado das populações de cetáceos na nossa costa”, refere Cristina Brito.
De acordo com a cientista, “no que diz respeito à história ambiental, muito falta fazer ainda em Portugal, e muito particularmente na história ambiental marinha”. Por isso, os próximos passos a dar na investigação incluem “dedicar esforços para obter informação histórica que possa contribuir para conhecimento das populações naturais e da sua distribuição e abundância ao longo do tempo”.
Fonte: Ciência Hoje
