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ESPERANÇA

Espécie de centopeia desaparecida por 126 anos é avistada em Madagascar

28 de julho de 2024
3 min. de leitura
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Foto: Dmitry Telnov

Uma expedição de busca por espécies perdidas pela maior e mais preservada floresta de Madagascar, Makira, revelou algo raro: uma centopeia marrom-escura gigante (Spirostreptus sculptus), que não era documentada há 126 anos. O milípede é uma das 21 espécies redescobertas pela expedição Re:wild, que aconteceu em setembro de 2023 e divulgou os resultados da exploração nesta semana.

Além da centopeia, foram encontradas espécies de peixes, aranhas, besouros, percevejo e caracol. A expedição envolveu uma equipe com mais de 30 cientistas de diferentes universidades, instituições e grupos de conservação.

Os membros do grupo estavam em busca de mamíferos, peixes, pássaros, répteis, anfíbios e invertebrados que não tivessem sido avistados ou documentados em pelo menos uma década ou mais. Mas que, ao mesmo tempo, não aparecessem na lista de espécies extintas pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN.

“No passado, a Busca por Espécies Perdidas procurava principalmente por uma ou duas espécies em cada expedição. Mas, agora, há 4.300 espécies que conhecemos ao redor do mundo que não foram documentadas há uma década ou mais”, disse Christina Biggs, oficial de espécies perdidas da Re:wild, em comunicado.

A centopeia encontrada é uma fêmea gigante com 27,5 centímetros de comprimento. Apesar da falta de registros, a equipe de pesquisa descobriu que ela é bastante comum na floresta tropical e provavelmente nunca foi considerada exatamente “perdida” pela comunidade local.

A espécie gigante foi avistada em uma manhã enquanto rastejava sobre a bota de Biggs, do lado de fora de sua barraca. “Filmei por um tempo porque achei legal, sem ter a mínima ideia de que era uma espécie perdida”, disse, em entrevista a CNN.

“Só quando Dmitry Telnov, um especialista em besouros do Museu de História Natural de Londres, enviou material para um colega alemão especializado em miriápodes de Madagascar, descobrimos que o exemplar não havia sido documentado desde 1897”, acrescenta.

Outras espécies

A equipe também conseguiu registrar espécies que nunca tinham sido registradas antes em Makira, como a aranha-zebra. O diretor do grupo de trabalho SpiDiverse no Inventário de Biodiversidade para Conservação (BINCO), Brogan Pett, descobriu a aranha após ver um saco de ovos pendurado na entrada de uma caverna.

“Eu imediatamente as reconheci como algo especial”, relata, em comunicado. “Os sacos de ovos pendulares são uma das características da família de aranhas-zebra à qual essa nova espécie pertence. Eu rastejei um pouco para dentro de uma caverna e vi algumas aranhas adultas guardando sacos de ovos – elas eram aranhas bem grandes e era notável que elas tivessem passado despercebidas por tanto tempo.”

Infelizmente, apesar das descobertas, tiveram algumas espécies que a equipe não conseguiu encontrar, como o lêmure de Masoala — que não é visto desde 2004 — e um camaleão (Calumma vatososa), que não é documentado desde 2006.

Embora seja a maior floresta de Madagascar, Makira é ameaçada pela expansão da agricultura. A principal preocupação da equipe de expedição é que as espécies pouco exploradas da floresta possam enfrentar declínios populacionais acentuados antes que os cientistas consigam estudá-las.

“Madagascar é um hotspot de biodiversidade e Makira é uma área pouco explorada dentro do país. Então, decidimos pilotar um novo modelo para buscas de espécies perdidas lá. Reunimos um grupo de cientistas para procurar o máximo de espécies possível, e isso deu certo”, diz Biggs.

Fonte: Um Só Planeta

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