Dóceis, fofinhos e inofensivos. Apesar da carinha meiga, os ouriços-cacheiros costumam assustar por causa dos espinhos, então, acabam se tornando alvo da caça e de maus-tratos. Há quase três meses, um filhote da espécie foi resgatado na Região Metropolitana de Maceió e só sobreviveu graças aos cuidados que recebeu no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).
O animal, batizado de Ellen, chegou muito pequeno, mas agora está forte e pronto para ser reintroduzido à natureza. “Quando ele chegou, o primeiro cuidado foi aferir a temperatura dele. Por ele ser ainda um filhote, ele precisou ficar em uma estufa para manter a temperatura entre 36º e 38º”, disse ao g1 o biólogo do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), André Gil.
Esses animais vivem na copa de árvores e emaranhados em cipós, só que, não muito raro, são encontrados escondidos em casas, procurando comidas ou se escondendo de possíveis ameaças. Mas o que fazer ao encontrar com um animal desse? O biólogo André Gil alertou para os riscos de manusear o animal de forma incorreta.
“Jogar pano em cima dele é praticamente como matá-lo. Esse espinho é a defesa dele e, quando se jogam algo em cima, por defesa, ele fica todo ouriçado e isso gera um processo inflamatório no corpo dele, podendo nunca mais recuperar esses espinhos”, explicou.
O ouriço-cacheiro é considerado uma espécie vulnerável. “Não corre risco de extinção, mas é um indivíduo vulnerável por dois motivos, um deles é porque o seu habitat está sendo destruído, então eles acabam escapando e formando pequenas ilhas. E tem também a questão do retrocruzamento da espécie, que não permite uma diversidade genética”.
Quando escapa do seu habitat, ou, quando se perde da mãe, como no caso do filhote encontrado em Maceió, o cacheiro costuma procurar casas em busca de alimentos. Mas o biólogo lembra que o animal tem uma dieta seletiva. Então, o ideal é não oferecer comida ou qualquer líquido para ele.
“Ele só come alguns tipos de semente e seiva de árvore. Ele gosta de frutas, mas não é qualquer uma que ele pode comer. Por isso, tentar alimentá-lo é muito arriscado. Ele é um animal da natureza, não se deve pensar em torná-lo um animal doméstico”, disse André Gil.
Em caso de encontrar o animal fora da natureza, a melhor opção é acionar o Batalhão Ambiental ou o IMA.
“Eles procuram as casas pois têm medo de animais, principalmente os cachorros, que são seus predadores. Então é comum que eles sejam achados entocados dentro das casas. Eles também vão atrás de comida, já que o seu habitat está sendo destruído aqui em Maceió , em algumas áreas, para a construção de prédios”, completou.
Como acionar o resgate
As pessoas podem ligar para o Batalhão de Polícia Ambiental para solicitar o resgate do animal ou para denunciar maus-tratos.
Fonte: G1