A equipe de especialistas que monitora a baleia-franca encalhada entre as praias de Itapirubá e do Sol, em Laguna, no litoral sul de Santa Catarina, decidiu fazer uma nova eutanásia no animal com medicamentos diferentes dos utilizados na sexta-feira e busca agora uma forma de conseguir as doses.
Na primeira tentativa de sacrificar o mamífero, foram usados recursos da Universidade do Estado de Santa Catarina, mas os especialistas decidiram aplicar uma outra medicação, já que a utilizada anteriormente não provocou a morte da baleia.
Não foram divulgados os nomes dos medicamentos e a quantidade que deve ser aplicada. Não há também uma data definida para a eutanásia. O procedimento deve ocorrer assim que a equipe viabilizar a medicação necessária, de acordo com a bióloga Karina Groch, Diretora de Pesquisa do Projeto Baleia Franca.
O estado de saúde da baleia-franca permanece inalterado. De acordo com a equipe de especialistas, não é possível estimar por quantos dias o mamífero ainda poderá sobreviver.
Na quinta-feira, foi constatado que o cetáceo entrou em estado de choque, sem se mover. Ele apresentava apenas uma baixa frequência respiratória e poucos reflexos na pálpebra do olho direito.
Desde então, o estado de saúde piorou, sobretudo em relação à pele, que está em atrito com a areia, além da dificuldade dos movimentos respiratórios. Por isso, a equipe decidiu sacrificar o animal, para evitar que ele permaneça agonizando na praia.
Tentativas de resgate
Antes de chegar à decisão de sacrificar a baleia, os voluntários tentaram resgatar o animal durante três dias, desde terça-feira, quando ele encalhou. Na quinta-feira, um laudo da Marinha descartou a possibilidade de resgate por causa do mar agitado e do alto risco à integridade da baleia.
Resistência
De acordo com as médicas veterinárias Kátia Groch e Cristiane Koslenikovas, a baleia-franca geralmente oferece mais resistência em casos de encalhe do que outras espécies. Outro fatores também justificam sua resistência por todos estes dias.
Um deles é que o encalhe ocorreu em uma região de clima frio. A morte da baleia poderia ser mais rápida se ela estivesse em um local mais quente, já que um dos principais aceleradores da morte dos animais encalhados é a hipertermia (aumento da temperatura corporal), que ocorre em função da incidência do sol.
Por ser um mamífero, diferentemente dos peixes, a baleia-franca não respira dentro da água. A espécie tem pulmões como os seres humanos. O fato de estar encalhada não compromete sua respiração.
Além disso, a baleia utiliza reservas de gordura como fonte de energia e água, sem que seja necessário se alimentar e se hidratar para continuar viva.
Motivo do encalhe
Os especialistas cogitam a possibilidade de uma doença preexistente, que tenha motivado o encalhe do animal. A explicação é que as baleias da espécie franca têm hábitos costeiros e conseguem se manter em locais mais rasos sem encalhar.
Este cetáceo pode ser facilmente avistado a partir das praias, por ficarem próximas às zonas de arrebentação, a cerca de 30 metros da faixa de areia. Isto faz com que casos de encalhe sejam raros, se comparados a outras espécies de mamíferos aquáticos.
Por isso, a equipe tenta descobrir se o animal tem alguma doença. Coletas de materiais, como o borrifo (ar expelido pelos pulmões) já estão sendo feitas no local do encalhe. Além disso, após a constatação do óbito da baleia, os órgãos vitais serão recolhidos durante a necropsia para análises.
Fonte: Diário Catarinense