O Comitê Consultivo de Diretrizes Dietéticas (DGAC) do governo dos Estados Unidos recomendou, de forma inédita, que as futuras diretrizes alimentares do país priorizem o consumo de alimentos de origem vegetal. A proposta, que integrará a atualização das diretrizes para o período de 2025 a 2030, sugere mudanças significativas na forma como a dieta dos americanos é orientada, com ênfase na redução do consumo de carnes vermelhas e processadas e no incentivo ao consumo de proteínas vegetais, como feijões e lentilhas.
Segundo o relatório científico produzido pela DGAC, estas alterações são baseadas em evidências que associam o consumo de alimentos de origem animal a doenças crónicas e destacam os benefícios à saúde das dietas mais ricas em alimentos vegetais. O documento também propõe uma reclassificação das proteínas vegetais, retirando-as do subgrupo vegetal e posicionando-as como parte do grupo principal de alimentos proteicos.
Avanço na saúde pública
Especialistas em saúde e nutrição elogiaram a proposta do comitê. Uma Dra. Anna Herby, do Comitê de Médicos pela Medicina Responsável (PCRM), afirmou que essas mudanças podem trazer impactos positivos para a saúde pública. “Encorajar os americanos a evitar carnes vermelhas e processadas e finalmente considerar feijões, ervilhas e lentilhas como fontes preferenciais de proteína úteis para salvar centenas de milhares de vidas por ano”, destacou.
Além disso, o relatório enfatiza a necessidade de substituir gorduras saturadas de origem animal, como as encontradas em carnes e laticínios, por alimentos vegetais integrais. Esta recomendação acompanha uma base crescente de evidências científicas que apontam os riscos das gorduras animais e os benefícios de uma dieta à base de plantas.
Mudança no consumo de bebidas
Outra recomendação significativa é a substituição do leite de vaca como bebida principal. A DGAC sugere que a água seja promovida como uma bebida de escolha para os americanos, um movimento visto como inclusivo, especialmente para o povo como pessoas negras, latinas e asiáticas, que sofrem desproporcionalmente de intolerância à lactose.
“O incentivo ao consumo de água como bebida principal é uma vitória para a saúde de todos”, afirmou a Dra. Herby. A proposta também contrasta com as diretrizes alimentares atuais, que ainda promovem o consumo de três porções diárias de laticínios e oferecem poucas alternativas, como o leite de soja.
Impacto global e tendências
As recomendações da DGAC seguem uma tendência observada em outros países, como a Alemanha, que recentemente passou a consideração oficialmente os benefícios das dietas baseadas em alimentos vegetais. A proposta representa um passo significativo para alinhar as diretrizes dos EUA com evidências científicas contemporâneas e práticas alimentares mais seguras e éticas.
Ao priorizar alimentos vegetais e incentivar o consumo de produtos de origem animal, as futuras diretrizes poderão não apenas beneficiar a saúde da população, mas também reduzir o impacto ambiental e promover um sistema alimentar mais justo e acessível.