Depois de receber altas doses de medicamentos na sexta-feira (10) à noite, a baleia-franca que encalhou entre as praias de Itapirubá e do Sol, em Laguna, no litoral sul de Santa Catarina, continua viva. Biólogos e veterinários envolvidos na antecipação da morte, por meio de sacrifício, estudam coletar o sangue do animal para analisar as condições de saúde dele e verificar se há alguma infecção.
O objetivo também é descobrir se a aplicação dos medicamentos para que o animal morresse teve algum efeito. Os especialistas disseram na manhã deste sábado que não sabem o que pode ter dado errado.
Os procedimentos para a eutanásia se iniciaram no começo da noite de sexta-feira. De acordo com um protocolo específico para estes casos, os medicamentos deveriam ter provocado a morte da baleia em poucas horas, segundo a médica-veterinária Cristiane Kolesnikovas, da Associação R3 Animal. Porém, o animal ainda resiste na praia.
Ela não sabe o que pode ter dado errado, porque a aplicação dos medicamentos seguiu regras da literatura especializada.
“Essa falha é totalmente inesperada e atípica”, ressaltou.
A médica lembra que o mesmo procedimento foi feito outras duas vezes, em baleias jubarte, que encalharam no litoral brasileiro, sem apresentar problemas. Médicos e biólogos continuam monitorando o mamífero, que está com parte do corpo enterrado na areia. Eles vão aguardar a morte natural da baleia, que está sangrando, devido ao atrito da pele com a areia.
Cronologia
Terça-feira, 7 de setembro. A Polícia Militar Ambiental recebe pela manhã a informação de um pescador de que uma baleia-franca encalhou na praia, em Laguna. Pesquisadores começam a monitorar o animal e tentam fazer o resgate, sem sucesso.
Quarta-feira, 8. Especialistas buscam um rebocador para tentar remover o animal da areia. Cerca de cem pessoas, entre curiosos, ICM Bio, polícia e projeto Baleia Franca vão ao local para acompanhar o resgate, mas o mar agitado dificulta os trabalhos. Depois de mais de 24 horas de encalhe, o animal fica com a saúde cada vez mais debilitada e apresenta frequência respiratória lenta. O local é isolado, e os especialistas passam a cogitar a eutanásia, se as tentativas de resgate não derem certo.
Quinta-feira, 9. A baleia-franca encalhada apresenta sinais de exaustão. Para evitar que o animal fique desidratado, especialistas jogam água sobre o corpo do mamífero. Eles se esforçam para resgatar o animal, mas a operação se mostra complicada pela localização da baleia. O uso de rebocadores é descartado, porque os barcos não conseguiriam chegar próximo o suficiente do local onde a baleia está. Diminuem as chances de sobrevivência do animal, que mede 15,80 metros e pesa entre 40 e 50 toneladas.
Sexta-feira, 10. Há dias lutando para resgatar a baleia, os especialistas verificam que o animal continua em estado de choque. O mamífero não se move mais e apenas respira. Voluntários recolhem a água do mar com baldes para jogar sobre o corpo do animal e evitar o ressecamento da pele. O sacrifício da baleia é visto como a única alternativa para evitar que o animal agonize por mais tempo na praia, até morrer. Os especialistas, após esgotarem as possibilidades de resgate, decidem pela eutanásia. No começo da noite, são aplicados os medicamentos.
Sábado, 11. Mesmo recebendo uma alta dose de medicação, a baleia ainda resiste e agoniza na praia. A resistência do animal surpreende os especialistas, que monitoram o mamífero. Sem mais alternativas, a equipe segue cuidando da baleia e aguarda a morte natural do animal.
Assista ao vídeo da tentativa de resgate da baleia, clicando aqui.
Fonte: Diário Catarinense