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Especialistas colocam hidrofones nos mares europeus para estudar os efeitos da atividade humana sobre a vida marinha

20 de outubro de 2010
3 min. de leitura
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Graças a 12 hidrofones distribuídos pelos mares europeus e 3 pelo Canadá, é agora possível escutar os sons do fundo do mar em tempo real, permitindo estudar os efeitos da atividade humana sobre os cetáceos.

Foto: Reprodução/Naturlink

“O que é que se escuta nas profundezas dos mares do mundo?”. Agora com apenas um clique do computador é possível apreciar os sons do oceano em tempo real a partir de casa. Através de 12 módulos de hidrofones distribuídos pelos mares europeus e 3 no Canadá, o site LIDO (Listening to the Deep Ocean Environment – Ouvindo o Ambiente Profundo do Oceano), oferece uma transmissão em tempo real. Um sistema que permite gravar e arquivar o ruído subaquático a longo prazo para que os investigadores possam estudar os efeitos da atividade humana sobre as baleias e golfinhos.

Ser capaz de se ligar à “estação dos cetáceos” e desfrutar das suas músicas, é possível graças a Michel André, um bioacústico (especialista em sons de animais marinhos) da Universidade de Barcelona. Ele e os seus colegas passaram os últimos 10 anos a colocar hidrofones no fundo do mar nas plataformas de investigação utilizadas para monitorizar os terramotos e os tsunamis.

“Nós usamos a rede existente para a instalação dos hidrofones, que captam sons em tempo real “, diz André.” O sistema está ligado à terra e os dados de áudio a um servidor, no qual os sinais são analisados e publicados directamente na Internet “, acrescenta.

Nos últimos cem anos, as fontes sonoras artificiais têm aumentado dramaticamente, tornando-se numa ameaça para o equilíbrio do meio marinho. As baleias, os cachalotes e os golfinhos ainda não foram capazes de adaptar o seu sistema de audição a estes novos ruídos, que causam efeitos muito negativos sobre a funcionalidade de seus sistemas vitais (estima-se que é um dos motivos que conduz à desorientação das baleias provocando encalhes em massa.) Neste momento não se conhece com exatidão o impacto da contaminação acústica sobre os cetáceos, no entanto, este sistema “vai permitir conhecer os efeitos concretos em função dos dados globais” indica o especialista.

Um algoritmo desenvolvido pelo laboratório de André filtrou as diferentes frequências do sinal para identificar sons específicos, incluindo as músicas de 26 espécies de baleias e golfinhos, e o ruído das atividades humanas, tais como do transporte marítimo, dos parques eólicos, das plataformas de petróleo e dos testes sísmicos.

” É a primeira vez que fui capaz de controlar as fontes de áudio em grande escala temporal e espacial”, salienta André. Até agora a maioria das experiências para controlar o ruído submarino utilizavam instalações temporárias dos hidrofones durante apenas algumas semanas.

Ter acesso a estes dados em larga escala tem um considerável valor científico, bem como informativo. Para pensar globalmente e usar a tecnologia moderna, André conseguiu fazer os oceanos e os mamíferos marinhos mais familiares e acessíveis a todos nós, tentando aumentar a consciencialização sobre o problema social enfrentado pelas baleias.

Fonte: Naturlink

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