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Especialistas alertam para agravamento da situação das espécies

21 de março de 2010
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Especialistas alertam para o agravamento do risco em que se encontram algumas espécies, depois de os ministros europeus do Ambiente terem esta semana adiado em uma década o objetivo de deter a perda de biodiversidade na UE.

Foto de dois linces (Imagem: Reprodução/APGVN)
Foto de dois linces (Imagem: Reprodução/APGVN)

Apesar do alerta, os especialistas em ambiente contactados pela Lusa mostraram-se pouco surpreendidos, considerando que o adiamento da meta, que apontava para 2010, era previsível.

“Do ponto de vista da conservação da natureza e da biodiversidade, adiar objetivos é sempre dramático porque a situação é já muito má”, mas “era previsível”, disse à Lusa Helena Freitas, professora da Universidade de Coimbra.

A especialista defendeu que as ameaças à biodiversidade nesta década são “particularmente importantes” devido à questão demográfica, quando se espera que nesta geração a população mundial aumente de seis para oito bilhões. O acréscimo da procura de alimentos vai implicar a transformação de territórios ainda mantidos para a conservação da natureza.

Já Margarida Santos Reis, professora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, reforçou a constatação de que “falhou” a integração dos diferentes eixos: do conhecimento, da tecnologia e da cultura.

Em Portugal, assistiu-se a “tentativas muito fracas” de subsidiar projetos sobre biodiversidade e “há alguns casos de sucesso”. Porém, “a situação está a agravar-se”, segundo a presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Alexandra Cunha.

“Não serve de nada dizer que se quer fazer e não avançar com mecanismos específicos, metodologias e instrumentos” para defender a biodiversidade, referiu.

“Está tudo por fazer”, apontou por seu lado Helena Freitas, que listou instrumentos necessários, como a estratégia nacional da conservação da natureza e biodiversidade, “em revisão há bastante tempo”, ou a criação de um centro de recursos nacionais para as variedades agrícolas.

Hélder Spínola, da Quercus, referiu que “os governos continuam a [definir] as opções sem ter em conta os impactos na biodiversidade”. Um dos exemplos da dissonância entre as intenções e a concretização é o plano de construção de 10 barragens, positivo porque se trata de apostar em energia renovável, mas que vai contribuir para uma maior perda de biodiversidade.

Alguns projectos “não tinham de deixar de acontecer para que se protegesse a biodiversidade, bastaria procurar áreas para a sua implementação que não coincidissem com os espaços definidos a nível nacional e europeu” para a preservação da natureza, salientou Hélder Spínola.

E cada vez é mais importante os responsáveis governamentais perceberem que “a preservação dos recursos naturais é a base de qualquer sustentabilidade económica dos países”, como realçou Helena Freitas.

Os ministros europeus do Ambiente decidiram na segunda-feira adiar, em uma década, o objetivo a que se haviam proposto, de deter o desaparecimento da biodiversidade na União Europeia até 2010.

A falta de instrumentos, a aplicação incompleta das normas sobre espaços protegidos e a insuficiente integração da biodiversidade nas outras políticas tornaram impossível cumprir o objetivo de parar com a extinção de espécies até ao corrente ano, como fora combinado na Cimeira de Gotemburgo (Suécia) em 2001.

Fonte: APGVN

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