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ANÁLISE

Especialista diz que substância encontrada em petisco canino é usada para resfriar motores e radiadores de carros

Segundo a Polícia Civil, a suspeita é de que pelo menos 54 cachorros morreram depois de comerem petiscos que estariam contaminados. Vendas dos produtos foram suspensas.

12 de setembro de 2022
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Foto: Reprodução | Rede Globo

Exames feitos pela Universidade Federal de Minas Gerais em dois cães com suspeita de contaminação após comerem petiscos caninos da empresa Bassar apontaram “cristais nos túbulos renais compatíveis com cristais de oxalato de cálcio”.

“Quantidades elevadas de cristais nos túbulos renais é indicativo, sugestivo de intoxicação por etilenoglicol”, explica Felipe Pierezan, professor de patologia veterinária da UFMG.

Segundo Leonardo Bosco de Lara, especialista em alimentação animal da UFMG, o etilenoglicol é uma substância tóxica, normalmente usada para resfriar motores ou radiadores de carros. Por isso, não pode ser ingerido.

“Ele altera o metabolismo das membranas celulares. São desde sintomas agudos de vômito, diarreia, chegando até os rins, que são os mais afetados. Chegando até a sintomas neurológicos seis dias após a ingestão do etilenoglicol”.

Exames feitos em petiscos entregues por tutores de animais que passaram mal ou morreram indicaram resíduos de etilenoglicol em lotes dos rótulos Every Day e Dental Care. O petisco Petz Snack Cuidado Oral segue em análise.

Investigação

Há casos sendo investigados em 11 estados e no Distrito Federal, e a suspeita é de que pelo menos 54 cães tenham morrido. A fábrica da Bassar, com sede em Guarulhos, São Paulo, foi interditada pelo Ministério da Agricultura. A empresa informou que realiza um recall de todos os produtos fabricados a partir de fevereiro de 2022 e solicita a devolução pelos consumidores.

O ministério detectou que dois lotes de matéria-prima contaminados por etilenoglicol foram comprados pela Bassar. De acordo com a pasta, quem forneceu os lotes contaminados foi a Tecno Clean Industrial, com sede em Contagem, Minas Gerais. As vendas foram suspensas.

A Tecno Clean declarou que não fabrica a substância e que compra o produto da importadora A&D Química Comércio, e que a falha deve ser procurada e entendida entre o importador e o fabricante.

A A&D Química, com sede em Arujá, São Paulo, disse que seus produtos não possuem destinação alimentícia, sendo destinados exclusivamente à fabricação de itens para higiene e limpeza. E afirmou que é uma empresa revendedora e não é fabricante ou importador de produtos químicos.

A Petz, responsável por uma das marcas citadas, afirma que adota rigorosos processos de qualidade juntos aos fornecedores e que retirou voluntariamente todos os produtos investigados das lojas em todo país.

Na sexta-feira (9), o ministério determinou também que todas as empresas de alimentos e mastigáveis no Brasil realizem, em dez dias, análises em produtos que contenham propilenoglicol em sua composição.

A Polícia Civil em Minas diz que o inquérito não tem prazo pra ser concluído.

 Veja a reportagem do Fantástico

 

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