O diretor do Departamento de Virologia do Hospital Charité, em Berlim, e maior especialista em Covid-19 da Alemanha, o Dr. Christian Drosten, aponta que os seres humanos são os únicos responsáveis pelo desequilíbrio que possibilitou a transmissão do coronavírus de animais para seres humanos. A declaração foi dada em uma entrevista ao portal The Guardian.
O especialista afirma que apesar de haver um consenso de que o marco zero da pandemia de Covid-19 tenha sido em um mercado úmido da cidade chinesa de Wuhan, o cientista acredita que definir o epicentro pode não ser tão simples. “É mais provável que tenha começado onde o animal, o hospedeiro intermediário, foi criado”, disse.
Ele aponta ainda que ações antrópicas são a verdadeira causa. “Os animais são mantidos em grandes grupos que podem amplificar o vírus, e os seres humanos têm contato intenso com eles, por exemplo, através do consumo de carne, de modo que certamente representam uma possível trajetória de emergência para os coronavírus”, afirma
“Mão humana”
Um artigo publicado pela Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas em Serviços de Biodiversidade e Ecossistemas (IPBES, na sigla em inglês) aponta que os seres humanos são os únicos responsáveis pela pandemia de Covid-19 e alerta que as escolhas que fazemos hoje impactarão positivamente ou negativamente no futuro.
O estudo foi escrito pelos professores Josef Settele, Sandra Díaz, Eduardo Brondizio e Dr. Peter Daszak e aponta que pandemias recentes são uma consequência direta da atividade humana – particularmente nossos sistemas financeiros e econômicos globais, baseados em um paradigma que valoriza o dinheiro a qualquer custo.
Segundo os pesquisadores: “Nossas ações impactaram significativamente mais de três quartos da superfície terrestre da Terra, destruíram mais de 85% das áreas úmidas e dedicaram mais de um terço de toda a terra e quase 75% da água doce disponível às lavouras e à produção animal”, afirmam.
E completam: “Desmatamento desenfreado, expansão descontrolada da agricultura, agricultura intensiva, mineração e desenvolvimento de infra-estrutura, bem como a exploração de espécies selvagens criaram uma ‘tempestade perfeita’ para a disseminação de doenças da vida selvagem para as pessoas”, salientam.
Eles abordam ainda a questão do tráfico de animais: “Acrescente a isso o comércio não regulamentado de animais silvestres e o crescimento explosivo das viagens aéreas globais e fica claro como um vírus que antes circulava inofensivamente entre uma espécie de morcego no sudeste da Ásia já infectou mais de 2 milhões de pessoas”.
Para os cientistas, estes dados deixam claro a “mão humana em emergências pandêmicas” e salientam que esse pode ser apenas o começo, pois existem mais de 1,7 milhões de vírus não identificados que podem ser transferidos de animais para seres humanos e ainda sofre mutações causando incontáveis doenças.
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