EnglishEspañolPortuguês

Escuta essa

7 de dezembro de 2011
2 min. de leitura
A-
A+

Divulgação

Porque aquilo não era uma prisão. Não existia para divertir o homem. As aves iam lá porque queriam. Tinha árvores das bem grandes e ricas em alimentos para todas as espécies, da gralha ao gavião, e também para seus filhotes.
Os hipopótamos estavam sempre lá, não porque fossem pesados e tivessem preguiça de ir mais longe, mas porque o lago era natural, a grama nasceu ali sozinha, e porque eles sabiam que se quisessem ir embora não haveria grade alguma que os impedisse. Os macacos eram de casa. Os tucanos também. Araras disputavam qual era mais bela e colorida. E qual gritava mais. Corujas preguiçosas moravam lá. Mas não davam as caras para qualquer um. Aliás, para alguns elas viravam a cara todinha. Cobras, das venenosas e das não. Sapos, dos venenosos e dos não. Até peixes, dos venenosos e dos não. Cavernas escuras e tão ricas em vida quanto nem dá para imaginar. E claras de vez em quando… Quando o sol entrava… Ele fazia a água gelada parecer um cristal daqueles que só se acha na casa de gente muito rica.
Flores do tamanho de feijões. E feijões do tamanho de feijões mesmo. Girassóis (quase) maiores do que eu. Cupinzeiros maiores do que eu. Mas eles são grandes. Colméias soltas. Não aquelas em caixas, como as gaiolas ou os aquários, mas soltas nas árvores. As abelhas merecem escolher onde vão dar o seu mel. E, se perguntassem pra elas, nenhuma ia querer dar pra gente. Aquilo era tudo, menos uma prisão. Era o paraíso. Talvez, por isso, existisse só naquele livro amarelo gasto que eu fazia questão que meu pai lesse pra mim todo santo dia.

Você viu?

Ir para o topo