O Dia Internacional da Abolição da Escravidão é comemorado todos os anos em 2 de dezembro desde 1986 quando foi instituído pela Assembleia Geral da ONU. Embora legalmente banida, a escravidão não é apenas uma relíquia histórica. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo são vítimas da escravidão moderna.
O termo “escravidão” é usado para definir práticas como trabalho forçado, servidão por dívida, casamento forçado e tráfico de seres humanos. Essencialmente, refere-se a situações de exploração em que a vítima não pode recusar ou abandonar devido a ameaças, violência, coerção, engano e/ou abuso de poder.
Há um tipo de escravidão silenciosa, tão cruel como as que sofrem os seres humanos, ou talvez ainda mais abusiva, devido à fragilidade e impossibilidade de defesa de suas vítimas: os animais.
Colocando-se em uma situação de superioridade sobre esses seres que não pertencem a mesma espécie, os humanos aplicam aos animais todas as definições usadas para o termo escravidão: explorados por seus corpos, forçados a realizar tarefas, mantidos em cárcere, privados de sua liberdade e mortos para atender às finalidades designadas por seus algozes seja comida, entretenimento, lucro e outros tantos motivos que infringem o direito à vida desses seres sencientes.
Tendo sua capacidade de sentir, amar, formar vínculos, sofrer e compreender ignorada convenientemente, os animais abastecem indústrias construídas sobre a dor e o sangue dessas vidas preciosas e indefesas. Capacidade essa, comprovada cientificamente por inúmeros estudos e pela assinatura da Declaração de Cambridge em 2012 em que cientistas especializados em várias áreas do conhecimento humano atestaram um documento comprovando a senciência animal.
Dado esse que só torna o abuso infligido a esses seres ainda mais brutal e covarde. Muitos deles passam suas vidas trancados em compartimentos pequenos e superlotados, onde mal podem se mexer, para atender aos interesses humanos, seja a produção de ovos, leite, carne para consumo, lã e pele para roupas, etc.
Outros são obrigados a se apresentarem para plateias em troca de comida, muitas vezes passando por treinamentos que envolvem espancamentos, choques e privações de todo tipo. Tudo para “quebrar seus espíritos”. Golfinhos, orcas, elefantes, leões e tantos outros animais selvagens capturados na natureza são exemplos clássicos dessa escravidão.
Há ainda aqueles criados e preparados para um determinado e doloroso fim, que sempre envolve ambição e dinheiro, como é o caso dos cavalos de corrida, que têm seus tornozelos dolorosamente “enfaixados” desde cedo para que sintam dor ao tocar o chão com as patas e assim corram de forma mais veloz nas pistas de corrida, onde comumente morrem em pleno exercício de suas exploração.
Os que não morrem nas pistas são enviados a matadouros para ter sua carne comercializada quando não são mais “úteis”.
Leões são criados na África para alimentar uma indústria cruel de entretenimento humano. Eles servem de presa para caçadores que pagam fortunas pela oportunidade de matá-los em cercados limitados onde seu destino está selado. Muitos deles vivem em condições terríveis, adoecem e quando não morrem em cativeiro são mortos para que seus ossos sejam vendidos no mercado paralelo para a medicina chinesa.
Tantos outros exemplos de sofrimentos atrozes e silenciosos se espalham pelo mundo todo, sem qualquer proteção legal, ao contrário disso, legitimados pelas regulamentações de uma sociedade especista e arbitrária, que favorece somente aqueles que pertencem a mesma espécie, tendo o ser humano como superior a todos os demais habitantes do planeta e, por isso, passível de decidir sobre seu destino e sua vida como bem entender.
Que este dia de celebração pela abolição da escravidão humana, seja uma oportunidade de reflexão e mudança para todos aqueles que padecem sob o jugo de todos os tipos de escravidão, e que assim como os seres humanos, sofrem, choram e anseiam por sua liberdade.