Um artigo publicado hoje no jornal The Guardian alerta para o fato de que a gripe aviária está aumentando, com o risco de gerar uma nova pandemia. O autor do artigo afirma que reduzir o risco de uma nova pandemia começa com a prevenção, como a vacinação dos animais, mas é possível falar em prevenção em um sistema econômico que produz doenças?
Se você consome ovos, frango ou outros produtos de origem animal industrializados, muito provavelmente você está sendo um contribuinte de um sistema que gera doenças com risco pandêmico. O relatório Food & Pandemics, produzido pela ProVeg International e apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) publicado em 2020, apontou a alimentação e a criação de animais como o comportamento humano mais arriscado em relação a pandemias. A conclusão do relatório pede mudanças urgentes no sistema alimentar global para prevenir futuros surtos e pandemias.
Claro que dizer que o consumidor, sozinho, é responsável pelos efeitos nocivos da industrialização é irresponsabilidade, inclusive caracteriza greenshifting. Entretanto, não falar sobre os riscos das dietas baseadas em animais é promover desinformação e, pior, é endossar um sistema de produção nocivo.
A Comissão EAT-Lancet de Food, Planet and Health reuniu mais de 30 cientistas líderes de todo o mundo para chegar a um consenso científico sobre o que é uma alimentação saudável e sustentável. O estudo, publicado na revista The Lancet em 2019, concluiu que a produção e o consumo de alimentos devem mudar drasticamente para evitar milhões de mortes humanas e danos catastróficos para o planeta.
Essa mudança implicaria em reduzir drasticamente o consumo de alimentos derivados de animais.
Se você não está disposto a plantar uma agrofloresta e produzir tudo o que você consome, você pode evitar contribuir para o surgimento de novas pandemias aderindo a uma alimentação à base de fungos e vegetais. Enquanto a indústria não toma providências para alterar sua forma de produção, reduzir o consumo de produtos de origem animal em larga escala é uma das principais soluções para evitar o surgimento de pandemias zoonóticas.
Ao se tornar vegetariano estrito, ou vegano, um indivíduo elimina completamente o consumo de produtos de origem animal da sua dieta e estilo de vida, o que pode ajudar a reduzir a demanda por esses produtos e, consequentemente, a produção intensiva de animais. Isso pode levar a uma redução do risco de pandemias zoonóticas, pois a produção intensiva de animais é uma das principais formas em que doenças zoonóticas se espalham.
Além disso, de acordo com estudo publicado na revista norte-americana National Library of Medicine, uma dieta vegana baseada em alimentos integrais e minimamente processados também pode ajudar a fortalecer o sistema imunológico e a reduzir o risco de doenças crônicas, que também podem aumentar o risco de complicações em caso de infecções virais, como a Covid-19.
Outro benefício apontado pelos pesquisadores é que as dietas plant-based reduzem drasticamente as emissões de gases do efeito estufa, além de pouparem mais terra, água e biodiversidade.
Fonte: eCycle