Quando o animal doméstico fica doente já é uma aflição grande. Quando a doença aparece de forma repentina, então, o desespero dobra. A pressa em socorrer o animal faz com que muitos tutores de cães e gatos acabem agindo no impulso, gastando mais dinheiro do que o necessário e deixando o animal vulnerável. É preciso ter cautela na hora de agir nos casos de um diagnóstico mais grave.
O veterinário Eduardo Rosas conta que atende em torno de 10% de tutores de cachorros que foram encaminhados de outras clínicas. “A conduta é a mesma da medicina humana, sempre manter a calma e procurar uma segunda opinião”, aconselha. É necessário averiguar cada caso: existem graus de acidentes motores que o procedimento de urgência é cirúrgico e rodar por clínicas atrás de um outro diagnóstico só atrasaria o tratamento.
Em outras situações, como no caso do câncer, quanto mais precoce for o diagnóstico maior a chance de cura. “Em toda profissão existem os bons e os maus profissionais, se o tutor do animal constatar que houve algum tipo de erro médico é preciso procurar o Conselho Regional de Medicina Veterinária e formalizar a denúncia”, explica o veterinário.
O médico Paulo Galvão tutor de Bento, um shih tzu de quatro anos, conta que no ano passado o cachorrinho teve uma inflamação no olho e, por indicação de um amigo, ele procurou um especialista em oftalmologia canina que indicou um colírio e falou da necessidade de uma cirurgia. “Na época o custo da cirurgia ia ser de R$ 2 mil, cheguei a fazer também os exames pré – operatórios”, conta Paulo.
Em busca de uma segunda opinião, o médico procurou outro especialista, dessa vez na Universidade Federal Rural de Pernambuco onde a consulta foi gratuita e o outro veterinário afirmou que não havia necessidade de cirurgia. “Ele passou dois colírios e pediu para Bento ficar em observação. O tratamento durou cerca de três semanas e hoje em dia ele não apresenta mais nenhum problema”, comemora. Da inflamação restou apenas uma pequena manchinha no olho. “Nunca mais procurei o outro veterinário”, disse.
A falta de informação é um fator importante nos casos de erro médico. Antigamente tratamentos a base de diclofenaco com ação antiinflamatória eram receitados para os cachorros e muitos chegavam aos consultórios já intoxicados. “O fato das pessoas serem leigas em vários assuntos dão margem a casos desse tipo, além de que para procurar uma segunda opinião muitos tutores não querem pagar outra consulta”, disse a profissional de medicina veterinária Rejane Lopes. “A questão da negligência ou apontar o erro de um colega é muito delicada, existe toda uma ética profissional”, explica a veterinária.
Questão judicial
Do ponto de vista legal, o veterinário tem responsabilidade civil em relação ao animal tratado. Além do prejuízo financeiro quando ocorrem casos desse tipo, também existe o transtorno mental pela perda do bichinho. O tutor do animal que foi vítima do descaso pode ter o direito a indenização na justiça e deve produzir alguma prova que seja suficiente para comprovar a culpa do veterinário, seja num caso de negligência ou imprudência na conduta do profissional.
Fonte: Diário de Pernambuco