A triste cena de um cavalo caído, agonizando de cansaço, chocou os moradores da Avenida Protásio Alves, em Porto Alegre (RS), na última quarta-feira (clique aqui para ler a notícia). Entretanto, para os responsáveis da recuperação do animal, o problema é costumeiro.
Por mês, entre animais soltos na via e maltratados, cerca de 30 cavalos chegam ao abrigo da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) com feridas, cascos machucados e dores na musculatura e articulação.
“Isso para nós é normal. Ontem, junto com ele, chegaram mais dois. É uma situação corriqueira. Esses animais não têm mais força para puxar a carroça, os arreios machucam, o proprietário bate e machuca eles. A maioria vem com o lombo arrebentado pela carga excessiva”, aponta o proprietário do abrigo, Carlos Augusto Machado, 39 anos.
“Infelizmente, recebemos uns 30 cavalos por mês”, enumera.
Há dois anos como veterinária do abrigo, Rocheli Oliveira, 30 anos, espanta-se com as feridas dos animais que chegam ao local. O abrigo da EPTC recebe, trata e recupera os animais encontrados nas ruas da Capital. Atualmente, mais de 90 animais de grande porte são atendidos no local, que funciona no bairro Belém Novo.
“São lesões de maus-tratos. No caso de cavalos, lesões onde a carroça não pega, feitas por instrumento pontiagudo. Eles (os carroceiros) vão cutucando até o animal não aguentar mais”, aponta Rocheli.
Batizado de Jabulani, cavalo passa bem
Cuidado pelo abrigo, o cavalo que agonizava na última quarta-feira se recupera bem. Com sinais de desnutrição, desidratação e vítima de ferimentos infligidos pelo antigo tutor, o animal já consegue ficar em pé e se alimenta sem auxílio dos tratadores. No abrigo, a equipe batizou o cavalo de Jabulani, uma referência à bola do Mundial.
Fonte: Zero Hora