
As chuvas abundantes que caíram na última quarta-feira (21) sobre a cidade de Ubatuba, no litoral de São Paulo, arrastaram dezenas de cavalos e causaram a morte de uma égua que estava grávida. A advogada animalista Jaqueline Tupinambá, que integra a equipe jurídica da ANDA, denunciou a negligência imposta aos cavalos, que foram deixados pelos tutores no Horto Florestal, à beira de um rio.
“Tirar o animal da chuva para quê, né?”, questionou a advogada, que ficou indignada com o caso e informou o desaparecimento de pelo menos 10 cavalos. “Vários animais desceram com o grande volume das águas, se afogando, se debatendo, se machucando, até parar nas margens e nas pontes”, relatou. “Muitos animais ainda estão desaparecidos”, completou.
Ao denunciar o caso, a advogada passou a receber ameaças nas redes sociais. Conforme relatado por Jaqueline em entrevista à ANDA, mensagens foram enviadas para ela com intimidações. “Quero ver você colocar as mãos nos meus cavalos. Você só coloca com muita polícia mesmo”, teria dito um dos tutores dos animais.
A advogada, no entanto, não recuou e deixou claro que cavalos que forem deixados à própria sorte no Horto Florestal serão resgatados e levados para santuários. “Vamos resgatar todos os animais largados para morrer no mato e na beira dos rios até vocês aprenderem que para ter animal precisa ter espaço. Espaço particular, não público”, afirmou. “E temos ordem judicial para isso. Basta eu encostar o carreto com a polícia e levo todos para o santuário”, acrescentou.

A ordem judicial a qual Jaqueline Tupinambá se refere foi emitida em 2019, quando o Ministério Público conseguiu uma liminar autorizando que todos animais abandonados no perímetro do horto pudessem ser imediatamente resgatados.
A advogada relatou ainda que nenhum cavalo foi encontrado com vida até o momento e que a égua grávida que morreu em decorrência de afogamento foi enterrada por moradores locais, que tiveram a ajuda de funcionários da prefeitura.
“Alguém consegue sentir a dor dessa égua grávida morrendo afogada à noite, no escuro sozinha, com seu filho no ventre?”, lamentou Jaqueline, que ainda criticou a administração municipal por não fiscalizar e punir os tutores que deixam os cavalos soltos no município. “Ubatuba sem qualquer fiscalização. Animais apodrecendo nos rios, cujas águas abastecem as casas… Estamos fazendo tudo na raça”, concluiu.
