Milhões de joaninhas tomaram conta de praias e centros urbanos em diferentes regiões do Reino Unido nos últimos dias. O fenômeno, segundo cientistas britânicos, é o maior desde a notória invasão da espécie ocorrida em 1976, e está diretamente relacionado às altas temperaturas registradas recentemente no país – os termômetros marcaram mais de 34ºC.
O ponto é que o calor prolongado acelera o ciclo de vida de muitos insetos, como os pulgões, principais presas das joaninhas. Com mais alimento disponível nas últimas semanas, as populações de ambos explodiram.
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“A ecologia é complicada e esse é um problema multifatorial, mas é certo que o clima quente e seco recente tem algo a ver com isso”, disse Stuart Reynolds, biólogo de insetos da Universidade de Bath, ao DailyMail. ‘Minha sugestão é que as condições climáticas favoráveis dos últimos meses levaram a um aumento no número de pulgões em terras agrícolas e florestas. As joaninhas comem pulgões, o que levou a um consequente aumento no número de joaninhas.”
Tim Coulson, professor de Zoologia e chefe de Biologia da Universidade de Oxford, relatou à BBC que “o clima quente significa mais pulgões porque eles conseguem completar cada geração mais rápido. Os insetos, incluindo joaninhas e pulgões, tendem a acelerar suas vidas em climas quentes”.
Ele acrescentou que as joaninhas são predadores eficazes de pulgões, que podem ser uma grande praga para muitas espécies de plantas. “Da mesma forma que os lobos controlam o número de veados em algumas partes do mundo, as joaninhas controlam o número de pulgões”, apontou.
Além de comida, as joaninhas se reúnem para encontrar parceiros, o que resulta em enxames locais ainda maiores.
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Sem motivos para pânico
O excesso de joaninhas no Reino Unido tem provocado cenas inusitadas. Em resorts à beira-mar, como Weston-Super-Mare, os banhistas enfrentaram um “apocalipse das joaninhas”, como descreveram nas redes sociais. Na quinta-feira (17/07), um enxame repentino provocou uma pausa temporária na partida de críquete do time nacional contra a Índia. Outras postagens mostram centenas deles rastejando sobre carrinhos de bebê, carros, guarda-chuvas e até mesmo sobre pratos de comida.
Embora os avistamentos possam parecer alarmantes, Reynolds afirmou que não há “absolutamente nada com que se preocupar”. “Já aconteceu antes e acontecerá novamente. Ciclos de expansão e retraçãosão comuns na natureza”, comentou. “Às vezes, as joaninhas podem dar uma mordidinha em você — só para verificar se você está comestível ou talvez porque sua pele esteja um pouco salgada — mas elas não causam nenhum dano”, garantiu.
Coulson acrescentou que predadores como joaninhas são componentes incrivelmente importantes dos ecossistemas e que, se forem eliminados, “o caos se instala”. E a ecologista e especialista em joaninhas Helen Roy, do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, completou: “Joaninhas são insetos muito amados. Espero que as pessoas possam se divertir vendo tantas joaninhas e celebrar esses insetos incríveis”.