Nós, humanos, nos sentimos completamente superiores aos animais, temos a sensação de que esses seres estão aqui para nos servir. Por isso, acreditamos ter o direito de explorá-los de diversas formas, como no entretenimento, por exemplo.
Os animais são expostos e usados em apostas, rodeios, circos, parques aquáticos, pesca esportiva, vaquejada, tourada, entre uma série de outras atividades, tudo em nome da ‘diversão’, porém, seletiva, que só beneficia um lado, o humano.
Quando éramos mais novos, imaginávamos que o animal estava ali porque era o lugar dele, porque ele nasceu para fazer aquilo, e estávamos assistindo a um espetáculo consentido. Nunca iríamos imaginar que tudo era forçado e conduzido, muitas vezes, com algum grau de violência.
Um tempo atrás estávamos trocando ideia com um amigo na quebrada, e ele comentou com a gente que outro camarada nosso estava apostando na corrida de Galgos em um site de apostas ‘online’, pensamos: ‘’O quê? Ele tá apostando em corrida de cachorro?’’
Por conta disso, fomos assistir alguns vídeos no YouTube (da corrida), e já no primeiro vídeo, três cachorros, por conta da alta velocidade, acabaram se chocando, capotando e se ferindo. Ao fazer uma pesquisa rápida na internet, em sites confiáveis, ler alguns artigos e pesquisas relacionadas a esse tipo de atividade, percebemos se tratar de mais uma prática cruel e completamente desnecessária.
Diversos países já proibiram a corrida devido às lesões e fraturas que podem ocorrer durante a competição. A Austrália, por exemplo, proibiu a corrida após descobrir que os animais lentos eram assassinados e os organizadores usavam iscas vivas nos treinamentos.
Segundo a ‘The Humane Society’, dos Estados Unidos, os Galgos são aprisionados e vivem confinados em gaiolas, recebem anabolizantes e em alguns casos são até drogados, tudo em nome do alto desempenho e lucratividade.
A corrida de Galgos atualmente ocorre apenas em 8 países, na América do Sul, por conta de uma forte mobilização dos defensores dos Direitos Animais, países como Argentina e Uruguai, proibiram essas corridas. Com isso, os galgueiros migraram para o Rio Grande do Sul e continuaram suas práticas, pois no Brasil não há restrições. Em março de 2019 foi apresentado o PL 1441/19 exigindo a proibição desse tipo de corrida, mas sem avanços.
Para além da corrida de cachorros que beira a irracionalidade, uma das maiores atividades de entretenimento animal, comum em países como os Estados Unidos, México, Canadá e Brasil, é o Rodeio, uma prática cruel e ainda muito ativa.
Mesmo que essas práticas não fossem privativas e não machucassem os animais, a utilização de outras espécies para entreter humanos já seria questionável.
No entanto, não só é questionável a utilização, como também causa muita dor, privação e sofrimento através de ações invasivas, desrespeitosas e desumanas. Um exemplo claro, é como os touros são tratados nas competições.
Antes dos animais entrarem na arena, é colocado um aparato chamado ‘Sedém’ no baixo ventre, isso explica os pulos e a forma agitada do touro, o sedém causa um incômodo e dor, assim, o animal se contorce desesperadamente, na tentativa de se livrar desse artefato. Enquanto isso, o peão tenta se manter em cima do animal por oito segundos sem cair, e a plateia atenta se diverte com tudo isso.
Podem alegar que não existe violência e que os animais não sofrem, mas duvido que por conta própria alguém deixaria uma pessoa em cima dela com uma amarra em seus órgãos por alguns segundos, sem ganhar nada com isso. Falar em nome da vítima é fácil.
Os parques aquáticos também são responsáveis por tortura, exploração e sacrifício animal em nome do entretenimento. Um documentário chamado ‘’BlackFish’’, relatou o caso da baleia orca ‘Tilikum’. A orca era mantida em cativeiro e treinada para o show ‘Shamu’, por anos ela foi desrespeitada e tratada apenas como um mero objeto de diversão humana.
Atualmente é possível notar um avanço em relação à exploração animal em diversos espetáculos, essencialmente no campo circense. Após anos e anos de privação, treinamentos exaustivos e longe de seus habitats, a utilização de animais, como macacos, leões, elefantes, entre outros, foi proibida em diversos lugares do mundo, sobretudo no Brasil.
Além disso, a consciência da população em relação aos direitos animais também está mudando. Hoje em dia é muito comum ver pessoas preocupadas com o bem-estar dos animais, questionando práticas ‘’culturais’’ como vaquejadas e rodeios.
Acreditamos que no futuro iremos enxergar a exploração animal com outros olhos, não será permitido ter animais no centro de atrações para uma suposta diversão humana. Os animais também devem ser respeitados e considerados como seres dignos e com direitos.
Vegano Periférico
Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
Fonte: Terra