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Entidade pede informações ao GDF sobre cães explorados como 'cobaias'

25 de agosto de 2015
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Funcionários amarram cachorro para fazer coleta de sangue (Foto: G1)
Funcionários amarram cachorro para fazer coleta de
sangue (Foto: G1)

O Conselho Regional de Medicina Veterinária pediu esclarecimentos à Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival) da Secretaria de Saúde do Distrito Federal sobre denúncia de que animais do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) estariam sendo usados como “cobaia” em treinamento para coleta de sangue por funcionários sem formação veterinária. Até a tarde desta segunda-feira (24), a associação não havia obtido retorno da secretaria.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária afirmou que apenas médicos veterinários podem vacinar animais e que somente pessoas treinadas, orientadas e habilitadas podem fazer a coleta de sangue. O conselho afirmou que a “prática sem treinamento adequado pode configurar maus-tratos” e que as denúncias devem ser feitas ao conselho regional.
Na sexta-feira (21), a Secretaria de Saúde negou que haja maus-tratos e informou ao G1 que agentes de vigilância ambiental passaram por treinamento para realizar o procedimento para atuarem em campanha contra a leishmaniose neste sábado (22). A pasta afirmou que não é necessário ser profissional para realizar a vacinação.
Segundo uma servidora que participou do treinamento e não quis se identificar, os funcionários foram “coagidos” a participar do curso sob pena de perderem os cargos. Ela afirma que os cães submetidos ao procedimento seriam mortos posteriormente e “tremiam e urinavam de medo e dor”.
Protesto
No sábado, um grupo de ativistas protestou em frente à Dival pedindo a liberação dos animais. Depois, o grupo registrou uma queixa-crime por negligência e maus-tratos contra a Dival e secretaria. A pasta informou que recebeu o grupo no CCZ na tarde desta segunda-feira (24) para mostrar o recinto onde os animais ficam alojados.
Presidente da Associação Protetora dos Animais, Simone Lima disse que as imagens apontam tratamento “antiético” mas não comprovam “tortura”. “O vídeo em si não mostra o animal sendo picado várias vezes. Mostra um procedimento que aconteceria em qualquer clínica veterinária, que é a contenção para tirar o sangue”, diz.
“O problema ali é estarem usando um animal que não precisa do seu sangue ser coletado para treinar, isso sim é um problema[…]. Não pode pegar um animal que está no corredor da morte e ser naquele que vai receber não sei quantas coletas sem necessidade, isso é antiético.”
A protetora também se manifestou nas redes sociais: “Vemos [a] imagem de [um] cão sendo arrastado por cambão, sendo que há formas mais cuidadosas de deslocamento dos mesmos. Os animais estão em ambiente barulhento, com outros cães latindo, pessoas falando alto; isso em si já contrai o animal e dificulta ainda mais pegar a veia”, afirma.
Carolina afirma que o CCZ é uma “caixa preta” para a sociedade. “Queremos fechar o CCZ no modelo em que ele existe. É uma caixa preta, não podemos visitar os animais como queremos, verificar a situação. Existem práticas ilegais lá dentro que passam do exercício legal da medicina veterinária”, diz.
‘Tortura’
Vídeo enviado ao G1 mostra um homem, supostamente veterinário, ensinando funcionários a coletar sangue dos cães. Segundo a servidora, alguns funcionários chegaram a passar mal e choraram com o tratamento dado aos animais. “Esses animais foram retirados da jaula, onde ficam confinados, após serem retirados de suas famílias, e ainda horas antes de ir a morte induzida, foram submetidos à coleta de seu sangue por pessoas que não são médicos veterinários e estavam testando seu aprendizado nesses animais”, diz a funcionária.
“Os animais estavam coagidos pelo volume de pessoas na sala, além de estarem cercados de pilhas de tonéis onde são alocados outros animais mortos. Os cães tremiam e urinavam de medo e dor, foram amarrados pelos focinhos, segurados por um enforcador e tiveram sucessivas coletas de sangue por diferentes pessoas, mesmo que sob protesto dos servidores”, diz.
Fonte: G1

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