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Ensaio fotográfico mostrará cães com calazar antes da eutanásia

13 de março de 2012
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Cães expressam o medo da morte antes da eutanásia nos centros de zoonoses (Foto: Lionel Falcon)

Como se sente um cão com calazar que será sacrificado? “Perdas” é o ensaio fotográfico do argentino Lionel Falcon, que captou imagens de cachorros em Centros de Zoonoses do País, incluindo Fortaleza. Ele esteve na Capital cearense nos dias 28 de fevereiro e 1º de março produzindo as fotos. A exposição itinerante percorrerá a partir de maio as capitais Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE), Campo Grande (MS), São Paulo (SP), Recife (PE) e Salvador.

Com apoio da MSD Saúde Animal, o projeto objetiva mostrar a realidade da leishmaniose visceral no País, popularmente conhecida como calazar, bem como conscientizar a população sobre este grave problema de saúde pública, pois se trata de uma zoonose de alta letalidade. A exposição também busca orientar a sociedade sobre a importância da prevenção da enfermidade.

O Brasil é o único País que ainda usa a eutanásia como forma de combater o calazar. No entanto, o método é considerado ineficaz pela Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme dados divulgados pelo Brasileish, associação científica que reúne médicos veterinários para o estudo da doença em animais. Na Europa, os cães não são eutanasiados, mas tratados.

O gerente de produtos para animais de companhia da MSD, o veterinário Marco Antonio Castro, conheceu ao longo de 2011 alguns centros de tratamento de leishmaniose na Espanha, Itália e Portugal. São centros privados e o protocolo de tratamento prevê três ciclos, ao custo médio de 1.400 euros (R$ 5 mil).

O Brasil é o único País onde o sacrifício de animais é feito como meio de combate da leishmaniose visceral (Foto: Lionel Falcon)

Em matéria já publicada nesta página, o veterinário Ricardo Henz, da Clínica São Francisco, também membro do Brasileish, explicou que duas perguntas são essenciais sobre esta zoonose: é seguro tratar? O animal continua sendo um risco para o ambiente? Em resposta, ele afirmou que, no caso da leishmaniose visceral, a conclusão é a mesma tanto para cães como para seres humanos.

Ainda não existe cura parasitológica. Ou seja, não é possível a eliminação total do parasita da doença, a leishmânia, nos organismos. Porém é possível a cura clínica, com o tratamento tanto nos cães como nos seres humanos. Neste caso, elimina-se a doença ativa.

O organismo pode até continuar com a leishmânia na corrente sanguínea, mas não é reservatório da doença ao ponto do vetor, o mosquito flebótomo, se contaminar e levar o parasita para o ambiente. Sem tratamento, tanto cães como pessoas são reservatórios da enfermidade no ambiente.

No entanto, o alto custo do tratamento inviabiliza o procedimento entre famílias de baixa renda, restando apenas o sacrifício dos cães doentes.

No Brasil, cerca de 80 mil cães são sacrificados por ano nos Centros de Zoonoses em decorrência do calazar. “Mesmo realizando meu trabalho com muito amor, ainda assim há uma profunda tristeza ao ver a situação dos animais que fotografo. Em Fortaleza, a situação é muito mais triste, pois muitos cães são entregues ao CCZ já em estado deplorável devido ao avanço da doença”, afirma Lionel Falcon.

“O objetivo dessa campanha é atingir o público, inclusive internacionalmente, e principalmente conscientizar para que exista a guarda responsável. E que os tutores cuidem da saúde dos seus animais. Fico extremamente grato em apoiar essa iniciativa”, completa o argentino, que fotografa pets há mais de 10 anos.

A MSD Saúde Animal lidera, no País, campanhas para prevenção da doença. A empresa é fabricante das coleiras “Scalibor”, antiparasitária para cães, à base de Deltametrina. A coleira mostra-se como um dos principais instrumentos na prevenção. Recentemente, a MSD e seu distribuidor no Ceará, a Avipec, promoveram campanha de encoleiramento de cerca de 1.300 cães em região crítica de Fortaleza.

Nos dias 28 de fevereiro e 1º de março, o fotógrafo Lionel Falcon visitou o Centro de Zoonoses de Fortaleza para captar as imagens dos cães antes do sacrifício (Foto: Lionel Falcon)

Campanha

Segundo Marco Antônio, a MSD acompanha de perto as discussões sobre as formas de controle do calazar no País. Aproxima-se do Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, e das entidades protetoras de animais, no sentido de contribuir para o avanço das medidas de controle e combate da doença. “Deve ser uma preocupação de saúde pública. Somos a favor de definir uma agenda positiva para enfrentamento do problema”, afirma o veterinário.

Ele defende a elaboração de uma proposta sistematizada, inclusive com a possível criação de centros de tratamento público para os casos em que o animal ainda não está tão debilitado.

Segundo ele, o Governo Federal já adquiriu cerca de 500 mil coleiras “Scalibor”. A MSD aguarda a definição das primeiras cidades a receberem o encoleiramento. Inicialmente, cerca de 10 a 15 cidades farão parte da campanha.

O que fazer para controlar doença nos animais

A leishmaniose visceral, também conhecida como calazar, é uma doença causada por um parasita que se multiplica nas células de defesa do organismo causando alterações importantes nos rins, fígado, baço e medula óssea. Os sintomas mais visíveis aos tutores de animais são as feridas na pele e o emagrecimento acentuado. Porém, os tutores mais atentos perceberão que o animal está diferente (abatido, fraco), sem apetite, com as mucosas pálidas (anemia), com volume abdominal aumentado e, às vezes, apresentando um aumento exagerado do tamanho das unhas.

O uso da coleira impregnada com Deltrametrina a 4%, recomendada pela Organização Mundial de Saúde, diminui o risco de infecção do cão pela doença. Limpeza dos quintais para evitar a proliferação do mosquito transmissor da doença também reduz o risco de contaminação.

Fonte: Diário do Nordeste

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