Imagine dirigir por uma estrada de terra, em pleno Xingu, e cruzar o caminho com duas onças-pretas. Foi o que aconteceu com Paulo Odair, que atua em uma fazenda perto de Confresa, em Mato Grosso durante o fim de semana. O susto, daqueles bons de se contar veio com a visão rara das onças caminhando em silêncio, como se soubessem que são os verdadeiros donos do pedaço.
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As onças-pretas, como são chamadas popularmente, pertencem à mesma espécie da onça-pintada. A diferença está no tom escuro da pelagem resultado de uma condição genética chamada melanismo. Apesar da cor intensa, suas manchas características (as rosetas) continuam lá, visíveis sob a luz certa.
Com até 120 quilos e corpo musculoso, a onça-pintada é o maior felino das Américas. Ágil como o leopardo, mas com o peso de um leão, ela nada, escala árvores e corre com velocidade surpreendente. E diferente do rei da savana africana, vive sozinha, ocupando vastos territórios alguns com mais de 50 km².
Ela também é um termômetro ecológico: onde há onça-pintada, há equilíbrio. Sua presença indica que todo o ecossistema está em funcionamento, da presa mais simples ao topo da cadeia alimentar. Por isso, sua conservação é prioridade.
Mas o futuro da espécie está em risco. Já extinta no Pampa, a onça sobrevive hoje principalmente na Amazônia brasileira e Pantanal lar de mais da metade da população mundial do felino. Para garantir sua existência, é preciso uma ação conjunta entre pesquisadores, produtores rurais, governos e sociedade civil.
Paulo, que registrou o momento com os olhos e o coração, sabe bem o que presenciou. Um encontro improvável, que revela a força silenciosa da natureza e o quanto ainda temos a aprender (e proteger) no mundo selvagem que insiste em resistir.
Fonte: Primeira Página